Sana Inside » 'Entrevista com Java Roots'

Entrevista com Java Roots

Estive na noite do último dia 13/11 (uma terça-feira) em Araçás, Vila Velha, onde a banda Java Roots ensaia seu “acid reggae” algumas vezes por semana. Nessa ocasião, os caras estavam ensaiando justamente para o aguardado show de lançamento do disco “1000 m/s”, o segundo deles. Depois de quase duas horas de ensaio, Chocolate, Jr. Bocca, Xuxinha e Thiago deram um tempo nos instrumentos e levaram um papo comigo, por quase uma hora, período durante o qual conversamos principalmente sobre o novo CD (na minha humilde opinião um dos melhores já lançados pela atual safra de bandas da música capixaba) e sobre os planos da banda de tocar fora do ES. A íntegra desse bate-papo, que em alguns momentos contou até com a participação do Cristiano Ramos, produtor da banda, você confere a seguir:


Qual o conceito do “1000 m/s”? Qual a relação entre as crianças soropositivas e a faixa-título?
Chocolate: Na verdade “1000 m/s” fala muito mais de esperança, né? As crianças soropositivas foram uma ponte para se falar disso, uma nova forma de ver o mundo, pelo foco dessas crianças. Ontem nós estivemos visitando uma casa lá que pô, é uma crechê, um orfanato, e toda essa pureza, essa ingenuidade das crianças, passa uma coisa tão positiva que em nenhum momento você se sente triste, sacou?
Xuxinha: A verdade é que as crianças não tem noção do que vem a ser o vírus, então, tipo assim, você sente que se fossem pessoas mais interadas, seriam pessoas mais tristes, mas as crianças nem parecem que são doentes, elas portam o vírus, mas tem a alma totalmente sã. E a relação com o disco é mais uma relação de ajuda, de poder colaborar.
Chocolate: É, no final da história, é a esperança visto pelos olhos de uma criança mesma, com toda a pureza que só uma criança pode ter. Quem mais conseguiria encarar a vida de uma forma tão tranquila como uma criança, né velho? E uma curiosidade sobre o disco é que ele começa com “1000 m/s”, que fala de esperança, e termina com “1,99 cada”, que fala sobre o quanto os valores foram invertidos no mundo. É importante se lembrar que é preciso ter esperança, já que o mundo anda desse jeito, tão descartável. Acho que essa é a mensagem mais importante.


E as outras composições do CD, vocês procuraram encaminhar para temáticas semelhantes?
Chocolate: Isso é um processo natural né cara? Nas nossas composições, isso flui na nossa cabeça, essa coisa de falar sempre de uma atmosfera positiva, sempre tentando ver as coisas de um ângulo mais positivo, nunca deixando de falar da realidade, de se encarar a realidade, mas sei lá, é uma coisa que, sem querer, o Java Roots busca isso, de se ver as coisas por um outro ângulo. Se for prá cantar para dar um tiro na cabeça, já tem um monte de gente cantando. Outra coisa interessante é que as letras são sempre inspiradas em experiências de vida. Uma vez eu estava pensando sobre isso, “pô, faço tanta letra que traz essa auto-ajuda, que procura falar com as pessoas”, e conclui que é sempre algo que você acaba falando prá você mesmo, é uma carência que seu próprio coração tem em estar ouvindo isso, e é por isso que talvez seja tão importante, pelo menos prá mim, como letrista, procurar passar essa mensagem prás pessoas.


Quais são, prá vocês, as diferenças do primeiro para o segundo disco, em termos de sonoridade e temáticas?
Thiago: Eu acho que dos dois pontos, tanto musical quanto de letras, é bem diferente, sacou? O primeiro disco foi feito no começo da banda, surgiram vários temas, várias músicas de ritmos diferentes. Já esse foi feito três anos depois, de uma forma mais natural. Tem mais a cara da banda, a gente amadureceu mais, as letras também, e pô, imagina só você agora e você daqui a três anos, nesse espaço de tempo acontece muita coisa na sua cabeça. Com as músicas e as letras também é assim, vocês tem novas idéias, idéias diferentes. E isso não pára, a gente pode, daqui um ou dois anos, gravar um disco novo e ele soar um ano a frente.
Xuxinha: Na verdade o músico também reflete o que ele está vivendo no momento né? Então, em três anos, muda muita coisa, aparecem vários discos, de várias pessoas, todas legais, e você passa ouvir…
Chocolate: E a gente passa a se influenciar por essas pessoas…
Xuxinha: É, assim, a gente odeia certos tipos de comparação, mas a questão de se influenciar por coisas boas é positiva.
Chocolate: É natural mesmo, a gente está escutando coisas, tanto coisas antigas como novas, e isso vai fazendo parte da nossa vida, sem falar das experiências do dia-a-dia mesmo. Quando você chega no ensaio, cara, acontece de você chegar com coisas prontas. Nesse disco mesmo eu fiz muita coisa no violão, no primeiro disco não tinha, no primeiro foi mais de cabeça, eu não tinha a menor noção de harmonia, não tinha noção de nada assim, esse foi um outro amadurecimento, de eu ter trago as músicas com uma harmonia mais trabalhada, e isso pros caras aqui já virou brinquedo na mão deles, os caras viajaram fácil no resto.


E vocês acham que esse é um disco que tem um acento mais pop?
Bocca: O que é pop?


No caso, de ser um disco mais popular mesmo, as músicas estão tocando mais nas rádios, não é no sentido pejorativo, o que eu vejo é que está agradando a um público maior…
Bocca: A galera está se acostumando com a gente, né velho? É normal, estão se acostumando de saber que a banda existe, que tem um trabalho.
Thiago: O mercado capixaba agora está diferente também…
Xuxinha: E a banda tá mais coesa, as músicas surgem de uma forma melhor.
Bocca: E também porque o público tá mais interessado né?
Chocolate: Prá gente isso é uma coisa natural, sacou? Não existe uma fórmula de construir uma coisa pop, é pop porque está se tornando natural, foi fluindo.
Bocca: Se a gente soubesse o que é pop, a gente faria a coisa mais pop possível, prá todo mundo conhecer o Java Roots.
Chocolate: Quando você vai aprendendo a conhecer as coisas de verdade, você começa a falar de uma forma que outras pessoas te escutam, sacô? Em três anos nós aprendemos um monte de coisas que, refletidas em nossas músicas, mais pessoas entenderam. Você aprende a conversar mesmo, de uma forma natural.


Na coletiva de apresentação do CD à imprensa, um de vocês disse que na banda há pessoas que querem puxar a sonoridade mais pro reggae, outras que querem experimentar outros ritmos… quem é mais regueiro, quem experimenta mais?
Thiago: Sou eu! (gargalhadas)
Bocca: Thiago é o mais regueiro, Xuxinha o mais forrozeiro, Chocolate o mais MPB, eu sou o que não ouço nada, gosto de música baiana (mais gargalhadas).
Chocolate: Brincadeira. Nâo, é que, cada um aqui tem suas preferências. Júnior é viciado em reggae, Xuxinha ouve de tudo, Thiago tem as influências de guitarra dele, Led Zeppelin por exemplo. Eu sou “vira-latão”, navego pelas mesmas praias, mas não tenho, assim, preferência por algo prá ficar ouvindo sempre.
Xuxinha: Prá dizer a verdade às vezes a gente nem sabe que estilo a gente está tocando. Eu sempre corro atrás de aprender e tal, mas por exemplo, “Todas as lágrimas” eu não sei dizer que estilo é…
Bocca: É complexo dizer o que a gente faz.


Voltando às composições do disco, quanto tempo vocês levaram para fazer as músicas? Algo foi feito dentro do estúdio, ou às vésperas das gravações?
Chocolate: Primeiro rolou uma pré-produção, quando nós registramos as melhores músicas que nós tinhamos, e dali foi uma brigaiada danada para chegarmos às quinze músicas que entraram no CD.
Xuxinha: É, na pré haviam 22 músicas, tem músicas que estavam prontas desde quando nós saimos do estúdio no Rio, onde gravamos, em 98, o primeiro disco. E existem coisas que foram feitas na pré-produção, onde nós escolhemos chorando, por ter que deixar sete músicas prá trás, as quinze que estão no CD. Mas não tem problema que elas vão entrar no próximo.


E vocês querem ir tocando essas músicas pouco a pouco nos shows, como foi feito com as do “1000 m/s”, que já vem sendo apresentadas ao público há um bom tempo?
Bocca: A intenção agora é ser um pouco mais rápido. Queremos já no ano que vem entrar em estúdio de novo, no máximo em maio/junho de 2002 a gente já vai estar com alguma coisa pronta em estúdio.
Thiago: Esse espaço de três anos de um disco pro outro não vai rolar mais não, é muito tempo. Esse disco novo tá causando um impacto forte porque em três anos mudou muita coisa.
Chocolate: E são três anos de saco cheio de tocar o primeiro disco (risos). Mas, tipo assim, isso vai depender também de como vai estar rolando, o ES vai estar sempre atualizado, de ano em ano um trampo, mas também temos que ver o quê que esse disco vai dar Brasil afora, é uma incógnita.


Eu estava junto com o Bocca e o Cristiano (empresário da banda) quando o disco chegou da prensagem, e senti um otimismo em relação a ele. O que é que deu essa sensação prá vocês?
Bocca: É a ralação, pensamento positivo constante. Mesmo que a gente fosse a pior banda do mundo íamos achar que ia vender mais que todo mundo, porque a galera rema pro mesmo lado, todo mundo pensando positivo mesmo, ao extremo, prá sair tudo certo.
Chocolate: Sem falar nas pessoas que chegam prá você, assim, te pegam num rock e gritam “meu irmão, Java Roots, meu irmão!”. As pessoas chegam a nos deixar, às vezes, meio assustados, neguinho joga um compromisso. Outro fator positivo é o momento da cena capixaba né? As pessoas estão se interessando pela música da nossa terra.


E quem tornou possível/está apoiando essa ousada estratégia de lançamento do “1000 m/s”, num show só de vocês, super-produzido, essa prensagem inicial (inédita no ES) de 5200 cópias? Como vocês levantaram a grana necessária?
Bocca: O primeiro apoio é papai do céu, velho, ele é que está dando a energia prá galera segurar a onda. Segundo, a produção muito competente de um cara chamado Cristiano Ramos, que está dando essa estrutura prá gente. É a primeira vez que a gente está fazendo um show nosso, ficamos de saco cheio de esperar todo mundo cair do céu e, bicho, tivemos a graça de arrumar um cara que tem a disposição de fazer a parada, trabalhando muito.
Thiago: A gente está com esse pensamento de fazer um super-lançamento desde quando entramos em estúdio, em abril, e pensamos, “porra, chega de esperar, vamos fazer agora”. Pegamos o disco e produzimos ele todo, nós mesmos, gravamos só com a ajuda do Dário (engenheiro de som).
Chocolate: E foi nós mesmos que pagamos, com a grana dos shows…
Thiago: E aí teve os brothers nossos da Marte Criação que fizeram a arte do CD, a Lona Records, que prensou o CD e agora é nossa distribuidora.
Bocca: A Laser Disco também comprou a idéia. Quer dizer, a gente conseguiu essa parceria depois que a coisa estava toda pronta, fizemos primeiro a parada, mostramos, e o pessoal viu que tinha potencial.
Xuxinha: Resumindo, tem a Laser Discos que vende, a Lona Records prensa o CD, Oséias Tatoo prensa as tatuagens na galera, a Marte Criação prensa a arte e o Cristiano prensa um negocinho prá nós depois do show. (gargalhadas)


Com esse lance da movimentação em torno da cena capixaba, que já rendeu ao Casaca um contrato com a Sony, vocês chegaram a procurar ou serem procurados por alguma grande gravadora?
Chocolate: No primeiro disco, rolou o seguinte, você faz o trampo e tem sempre aquela esperança de garoto, “pô, vamos mandar o material prá gravadora e tal”. Mandamos, o que é o procedimento natural de qualquer banda que está começando. No segundo não rolou, e na verdade, esse pessoal já sabe da existência de todo mundo aqui. Nós estamos bem tranquilos em relação a esse papo de gravadora.
Xuxinha: A gente tem uma gravadora né brother? A gente tá entrando nessa parada com uma gravadora, Chocolate…
Chocolate: Não, a gente entrou com um selo, a Lona.
Bocca: O trabalho do selo está sendo a nossa gravadora, eles é que estão proporcionando a prensagem das 5200 cópias, eles é que vão proporcionar a estrutura para, nos shows, haver uma barraca vendendo nosso CD, nossas camisas. Na minha cabeça, eu acho que a gente tem uma gravadora, é uma pequena gravadora.
Thiago: É, no sentido de apoio, distribuição, de estar investindo uma grana.
Xuxinha: E também isso é mais legal, porque a gente tem mais o pé no chão. Hoje em dia é difícil você entregar seu trabalho suado na mão de uma gravadora, sem saber o que pode acontecer amanhã, sem saber o que você está assinando, o que e como você está dando isso para uma pessoa que você não conhece direito. A gente tem um pouco de receio, e estamos muito a vontade com a Lona, porque é uma galera que a gente conhece, que está nadando junto com a gente. E a questão de uma multinacional, nós sinceramente não estamos muito preocupados, a gente tá aqui, fazendo nosso som, amarradão com nosso selo… se realmente pintar alguma coisa muito boa, porque eu acredito que teria que ser assim, bem transparente para nós, aí beleza.
Chocolate: É, sempre rola umas murmúrios, sempre chega no ouvido da galera que os tubarões estão aí rodeando muitas bandas…


E como é que está a estrutura de distribuição da Lona?
Chocolate: Bom, o selo está começando, então ele está pegando a região Sudeste, né Cristiano?
Cristiano: A Lona distribui em todo o ES, tem uma coisa em SP e RJ também, está fazendo o sul agora, tem um cara no nordeste que está começando a entrar, e ela está fazendo uns caminhos que já foi constatado que está dando certo, umas coisas alternativas, tipo, investir em banca de jornal, vendendo o CD a um prazo mais acessível. As multinacionais são muito poderosas, mas CD hoje em dia tá muito caro, você pega um CD aí de um artista famoso no Brasil, é R$ 22,00. Você vender um CD do Java Roots a R$ 12,00 na banca de revista, se isso espalhar pelo Brasil, meu amigo, é um abraço.
Chocolate: E como nós somos uma banda independente, com um selo pequeno, tudo cresce cara, o selo cresce porque está vendendo muito CD, a banda cresce porque está sendo conhecida cada vez mais, entendeu? Essa é uma das grandes vantagens de estar com a Lona, poder ser otimista, trabalhar com o pé no chão e pô, ser independente, ficar na boa.
Cristiano: Mais vale você ser um artista de ponta num selo de médio porte do que você ser mais um artista numa multinacional.
Xuxinha: Exatamente. Essa fala é boa e importante de ser frizada!
Cristiano: Outro lance interessante da Lona é o seguinte, eles estão com uma estrutura muito bacana de internet, com um site, o www.lona.com.br, onde ela vende CD de várias bandas capixabas. O frete é apenas R$ 3,00, meu amigo, por apenas R$ 15,00 você recebe um CD do Java em qualquer lugar do Brasil, isso é importante frizar também. Os fãs do Java em outros estados podem comprar o CD, sem sair de casa, por um preço mais barato do que o de um CD de grande gravadora numa loja.


Vencido esse primeiro passo, que é o show de lançamento, o que vocês pretendem fazer, em termos de divulgação?
Chocolate: Quem pode te dar certamente as coordenadas é Cristiano.
Xuxinha: Cristiano não sabe nem dele, rapaz (risos).
Cristiano: A gente tem umas coisas já programadas, tipo, já tem um show certo em BH, pretendemos fazer alguns shows no interior do estado para divulgar o disco, ainda mais que o verão está aí, vale a pena, tem Marataízes, Piúma, Guarapari, Conceição da Barra, Itaúnas, Guriri, o ES no verão é um bom lugar prá se estar, prá se tocar.
Xuxinha: No verão! A verdade é que o ES está crescendo muito em matéria de turismo. Uma coisa muito interessante é que, antigamente, pensava-se muito em sair daqui para fazer as coisas lá fora, hoje não, as pessoas estão vindo para cá, as coisas estão acontecendo aqui, então, com esse turismo crescendo, vai ser legal a gente ficar aqui.
Cristiano: Rapaz, isso que ele falou é interessante, é o comércio exterior, a base de tudo. Em vez de você exportar, você tem que trazer o capital prá cá, tem que trazer as pessoas prá dentro do seu estado para consumir a sua cultura, isso daí é uma das coisas primordiais pro pensamento de tudo aqui no ES, não só na música.
Xuxinha: E isso dá uma base forte para você chegar lá fora, meu irmão.
Chocolate: É, se você toca num lugar como Itaúnas, onde tem muitos mineiros, muitos paulistas, se você chega, depois do verão, nos estados desse pessoal, com certeza vai ter pelo menos uma dúzia de cabeças que vai saber quem é o Java Roots, sacou?
Cristiano: Mas também é lógico que a gente pretende morar em São Paulo, viajar pro sul do país. A banda já fez isso, já morou três meses em São Paulo, eu não era produtor ainda, mas acompanhei de perto essa jornada, foi muito bonito, foram 19 shows em três meses, shows grandes, legais… uma boa média! E a gente vai de novo prá São Paulo, pro sul, prá ver o quê que dá, a 1000 m/s, meu amigo!
Chocolate: Mesmo porque se a galera fica muito tempo sem botar o pé na estrada, neguinho começa a estressar, daqui a pouco nós começamos a sair na porrada aqui nos ensaios sem ter nem porquê.
Xuxinha: Eu já tô assim!
Cristiano: É todo mundo meio nômade né?
Bocca: É a TPM do músico.


Aproveitando o gancho: o que vocês já fizeram fora do estado, em termos de shows?
Xuxinha: A gente tem um público legal em BH, tem uma galera em São Paulo que nos conheceu depois deste trabalho lá, a gente tem conhecimento que tem um público no sul, nós quase chegamos a ir prá lá, tem CD nosso rolando nas rádios até, através de um amigo nosso. O reggae é fortíssimo por lá.
Chocolate: Niterói…
Xuxinha: É engraçado, a gente ficou em Niterói durante as gravações do primeiro CD, temos muitos contatos no Rio, muita gente que conhece a banda, só que ainda não tivemos abertura prá tocar lá, mas deve ser o primeiro lugar prá onde vamos depois de sair daqui. Estivemos ainda na Bahia, em Itacaré e Porto Seguro, onde temos músicas em rádio também.


O pessoal “entendido” do mercado fonográfico diz que, apesar das bandas aqui do estado terem uma sonoridade legal, elas não estouram no Brasil porque o pessoal acha que são apenas cópias do Skank, do Cidade Negra…
Chocolate: Achava véi, achava!
Thiago: A única coisa que falta é o palco do mesmo tamanho, o som da mesma altura, o investimento. Só a estrutura mesmo.
Bocca: Sem querer você chegou no motivo pelo qual a gente está fazendo essa mega produção aqui! É prá gente mostrar prá gente mesmo, e prá quem for assistir, que a gente precisa ser profissional acima de tudo.


Mas então, o que vocês acham que é o diferencial da banda, que o Java Roots tem para passar para o público brasileiro e acrescentar ao cenário musical do país?
Xuxinha: Quer coisa mais diferente que Chocolate? (Gargalhadas)
Chocolate: Sério. Pô bicho, isso aí é uma coisa que não pede prá gente falar não que é foda, você chegar e falar “vamos revolucionar o universo” (gargalhadas).
Thiago: Qualquer banda, pô, por mais clichê que ela for, sempre tem alguma a trazer, e o Java Roots não é muito preso a isso, então, pô, se você escutar o CD vai ter várias coisas prá viajar, desde baixo, guitarra, voz, bateria…
Chocolate: Uma coisa é certa, com certeza existe a intenção de contribuir. Mas dizer qual é o diferencial é difícil. Sei lá, eu acho que é a unidade, que cria uma atmosfera muito boa, as pessoas sentem uma energia muito legal.
Bocca: Outra coisa também, isso é importante, vou filosofar legal agora: é a quebra da barreira mesmo, que o ES tem com relação à música, é o preconceito que o Brasil tem com relação a Vitória. A gente agora citou o exemplo do Casaca, todo mundo sempre vai citar o Casaca, que é uma sonoridade do ES. O Java Roots também é uma sonoridade do ES, a gente tá quebrando barreiras, tabus, é uma banda independente que vai alcançar o cenário nacional mais cedo ou mais tarde, véi! Nós só temos cinco anos de banda, daqui a dez anos, não é possível né? Se a gente ficar mais dez anos e não conseguir nada, não conseguir o reconhecimento, quer dizer que, ou a gente está trabalhando errado ou que a música é muito ruim mesmo. Como eu não acredito que a música seja ruim, acho que é isso cara. Tem que mostrar e convencer a galera de que aqui tem um pessoal que começou a acreditar, a querer ser profissional, a viver de música…
Thiago: Tem que mostrar né cara, que não existe diferença da música capixaba para nenhum outro tipo de música.
Bocca: É MPC cara, música popular capixaba, ou música brasileira com tempero capixaba.
Chocolate: Até então o ES estava para o Brasil assim como o Brasil está para o mundo, meio que discriminado.


Prá finalizar, querem mandar alguma mensagem prá galera que está lendo a entrevista no site?
Chocolate: Bom, eu espero que realmente essa entrevista e o site estejam contribuindo prás pessoas conhecerem um pouquinho a nosso respeito. E quem quiser mandar perguntas sobre a banda pros nossos emails, ou fazer perguntas para um integrante em especial, estamos aí, vamos tentar movimentar essa página de uma forma legal, para que a gente possa estar entrando em contato direto com as pessoas né, cara? Afinal essa é a internet, interatividade total, a gente vai procurar tentar ao máximo possível manter essa interação. E queria também agradecer de coração a quem está acessando a página prá saber um pouco da gente, conhecer um pouco mais.
Thiago: É, quem quiser conhecer um pouco mais, que vá ao show né?
Chocolate: Isso é importantíssimo, quem quiser ir além das palavras, tem que ir aos shows!

© 2008 Powered by WordPress