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Casaca faz a festa da galera no Álvares Cabral

Em mais um de seus grandes shows, o Casaca comemorou no último sábado, no Ginásio do Álvares Cabral, o lançamento de seu disco de estréia pela gravadora multinacional Sony Music. O show, diga-se de passagem, foi transmitido ao vivo por uma rádio e por um canal de TV a cabo do ES. Foi uma noite apenas da música capixaba, aberta pelo show da banda Nó de Forró, que tocou enquanto o público estava começando a chegar ao ginásio. Depois foi a vez da banda Símios, que mostrou seu “rock n roll neolítico” e já foi logo dando um importante recado: “Está todo mundo aqui para ver a música capixaba, temos o melhor do ES aqui hoje”, disse o vocalista da banda, que olhou para uma pessoa que estava com uma bandeira do estado nas mãos e gritou: “Levanta essa bandeira aí!”. Em seguida, apresentou-se a banda de roots reggae Salvação, que tocou músicas do 1º CD, “Altas Ondas Astrais”, e do 2º, “Os Dias”, que será lançado em janeiro. A banda aproveitou a oportunidade para pedir a galera para votar nela na pesquisa que está sendo realizada pelo site www.melhoresdoano2001.hpg.com.br.

Mas a banda que as mais de cinco mil pessoas que compareceram ao Álvares queriam mesmo ver e ouvir era a Casaca. E foi às 0h10m do domingo que subiu ao palco, sob gritos ensurdecedores, aqueles que a galera queria: Renato Casanova, Jura Lenine, Márcio Xavier, Thiago Grilo, Piriquito, Vinicius, Flavinho, Jean e Augusto. Renato, com a bandeira do ES nas costas, diz logo a que a banda veio: “Viemos aqui hoje para dividir uma alegria que não é só do Casaca, é do povo capixaba!”. O vocalista declamou então os versos iniciais de “Leva um Picolé”. Foi a senha para a galera explodir. Daí em diante, só alegria. É desnecessário dizer que o público cantou quase todas as músicas em uníssono (incluindo os congos que não estão no disco e foram tocados no show) e vibrou muito durante toda a apresentação. Afinal, isso já virou rotina nos shows do Casaca, que é sem dúvida o maior fenômeno já surgido na atual cena capixaba. A química entre a banda e o público é incrível, chega a arrepiar.

Assim, o diferencial do show foram as participações especiais. Na primeira delas, subiram ao palco Valci Vieira e Buchecha (o cara que fala na faixa quatro do CD do Casaca), dois nativos da Barra do Jucú, para participarem da música “Morro da Concha”. Ao final da música, Renato revela: “É com eles que a gente aprende o que vocês estão vendo aqui”. A segunda participação, mostrando mais uma vez que a banda não se esquece de suas origens, foi a das bandas de congo “Mestre Honório” e “Tambor de Jacarenema”, muito aplaudidas pelo público. As bandas, que segundo Renato “formam a família da Barra do Jucú, do congo capixaba”, ajudaram o Casaca a promover uma legítima congada no palco, tocando “Tindolelê”. Uma canção depois, com a presença de dançarinos da Barra, o grupo repetiu “Tindolelê” e tocou também o congo mais famoso de lá: “Madalena”.

As participações seguintes foram as de Alexandre e Amaro Lima. O vocalista do Manimal puxou, com tímido acompanhamento da banda, o hino “Água de Benzer”. Em seguida Renato entoou os versos iniciais de “À Toa”, que foi tocada em ritmo de congo. Alexandre e Amaro, ainda no palco, auxiliaram Casanova nos vocais. Fecharam o ciclo de participações especiais o guitarrista Marcelinho, em “Anjo Samile”, e dois integrantes do Macucos. Fred, o vocalista da banda, cantou junto com Renato “Congo Reggae”, do próprio Casaca, e uma das músicas do Macucos.

Outro fator interessante do show foi o fato de os integrantes da banda terem sido “apresentados” pouco a pouco. Quando chamava os integrantes que mandam ver nos tambores, caixa e casaca, Renato dizia de qual banda de congo cada um veio. O integrante fazia então um número solo, no capricho, prá delírio da galera. O destaque dessas “apresentações” foi Jura Lenine, que mandou ver em sua guitarra trechos de uma música de Dick Dale, o rei da surf music. Lindo! Vale citar ainda, dentre os momentos interessantes, as execuções de “Barra”, música nova de sonoridade muito forte e cujo refrão caiu rapidamente na boca da galera; e o cover de “Eu quero é botar meu bloco na rua”, música do cachoeirense Sérgio Sampaio, um dos maiores nomes da música capixaba em todos os tempos. Ao final da música, Renato bradou: “Salve Sérgio Sampaio, salve nosso carnaval”.

Por volta das 1h55m, quase duas horas depois de subir ao palco, o Casaca fechava o inesquecível show com o hit “Sabrina”, não sem antes agradecer a presença de todos. O público pediu um bis e a banda voltou ao palco para explicar que não continuaria porque o horário permitido pela Prefeitura de Vitória para shows no Álvares estourou. “Se não fosse por isso, continuaríamos até o amanhecer”, disse Renato. De fato, estavam prevista para o bis as músicas “Barra” e “Ondas do Barrão”. Impossibilitado de cumprir o planejado, só restou ao vocalista soltar um “que Deus abençoe vocês! A gente se encontra por aí”.

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