3º Festival Ilha em Movimento: a volta do pioneiro
Realizado pela primeira vez em janeiro de 1999, o Festival “Ilha em Movimento” é considerado o pontapé inicial para a crescente valorização que se verifica atualmente no mercado musical capixaba. Criado com o objetivo de integrar todas as bandas, e consequentemente fortalecer o movimento musical da ilha, o festival impressionou pela qualidade das bandas e do público local, criando uma aura de união e perspectivas, nitidamente percebida por todos que participaram. Passado o final de semana de shows, uma frase dita tornou-se consenso entre a galera: “Agora é a vez do Brasil conhecer o Espírito Santo”.
Daí para o crescimento da cena foi um pulo. Na semana seguinte ao primeiro “Ilha em Movimento”, a Rádio Cidade ousou mais que qualquer outra, passando a investir numa programação baseada na música capixaba. Depois, ainda em 99, surgiram iniciativas como o “Movimento na Curva (da Jurema)”, que perdura até hoje, e o Festival Dia D, que naquele ano levou 8 mil pessoas à Praça do Papa e atualmente é o maior festival da música capixaba. Veio então, em 2000, a 2ª edição do Ilha em Movimento, novamente realizada na Praia de Camburi, trazendo como novidade o lançamento de um disco-coletânea homônima.
Avançamos agora para os dias atuais. O sucesso da cena capixaba é público e notório. As bandas vivem momentos de inspiração total, lançando seus melhores trabalhos, logo acolhidos pelo público. Todas as rádios voltadas para o público jovem tocam canções dos grupos locais, sendo que muitas delas alcançam o topo das paradas. E para completar, o grupo Casaca, fenômeno que alcançou o sucesso de forma meteórica no ES, está prestes a lançar seu disco por uma grande gravadora. É nesse contexto que é anunciada a quarta edição do Ilha em Movimento.
Marcado para acontecer no próximo dia 21 de dezembro, uma sexta-feira, o evento deixa de ser gratuito nesta edição, passando para a boate MegaZoom. O Festival já não é mais o maior e mais importante do ES, mas não pode deixar de ser respeitado: contará com apresentações, numa única noite, de catorze bandas/artistas capixabas, divididos em três palcos. Canções de dezesseis bandas/artistas diferentes, inclusive, estarão no 2º CD “Ilha em Movimento”, a grande vedete da edição 2001 do festival.
Produzido por Alexandre Lima, o disco traz representadas quase todas as vertentes verificadas no cenário capixaba: o rock, o congo, o reggae, a mpb, a música eletrônica e o rap, dentre outras. Segundo Alexandre, a idéia “surgiu de um bate papo meu com o Marcos Zanotelli, proprietário da Laser Discos, que tinha gostado do Ilha em Movimento 2000. Então resolvemos desenvolver o projeto de uma segunda coletânea, devido ao número crescente de novas bandas e à ótima safra de músicas no último ano”. O músico, que lidera a banda Manimal, explicou que foram então selecionadas para a coletânea “as bandas que estavam se destacando no nosso cenário pop, atuando em shows, tocando nas rádios e que estavam com músicas novas para serem lançadas.”
Alexandre contou que esta 2ª coletânea tem objetivos mais ambiciosos que a primeira: “O CD Ilha em Movimento 2000 serviu para divulgar a cena como um todo. Foram feitas apenas 1000 unidades, em sua maioria distribuídas para mídia especializada das regiões Sul e Sudeste, poucas foram vendidas”. Desta vez, segundo o músico, serão prensadas inicialmente 5 mil cópias, com distribuição, a princípio, pela Laser Discos. É bem provável que, depois, a coletânea passe a ser distribuída pela gravadora Sony Music.
Há então um interesse da Sony em mostrar a cena capixaba para todo o Brasil? “Com certeza, um interesse comercial”, responde, rindo, Alexandre, que prossegue: “Existe uma sede de novidade no Brasil, e o Espírito Santo está passando por um excelente período, explodindo novas bandas, com um público crescente (isso de dar vinte mil pessoas num evento só com bandas locais só acontece por aqui, salvo raríssimas exceções) e um grande número de discos sendo vendidos”.
Promovido por Edu Louzada e Ilha Entretenimentos, com o apoio da Rádio Cidade, Sony Music, Laser Discos e PMV, o 4º Festival Ilha em Movimento já está com seus ingressos à venda nas lojas da rede Laser Discos, pelo preço único de R$ 10,00. Já o CD está sendo vendido, também na Laser, por R$ 9,90. Corra e garanta já os seus! Ou você ainda tem dúvidas de que será uma grande festa?
CD “Ilha em Movimento 2001/2001″, faixa-a-faixa.
A seguir, Alexandre Lima comenta todas as faixas do CD-coletânea “Ilha em Movimento 2″. Vale lembrar novamente que as atrações do festival são justamente as bandas/artistas que tiveram suas músicas incluídos no disco. Algumas músicas estão disponíveis para download, em mp3:
Sabe o Que acontece (Remix) – Manimal: “O Manimal é uma das bandas de maior projeção da cena, tendo feito shows em sete países com seus tambores de rockongo. E essa versão de “Sabe o que acontece” é um remix feito pelo Dj Renato Vervloet, que mostra o Manimal numa linguagem moderna, sob o conceito de música eletrônica, que veio para democratizar a produção musical para todas as classes sociais, sabe o que acontece… modernidade + cultura popular”.
Sintonia – Bacana e Universso Reciclado: “É a estréia em cd da nova banda do Bacana (ex-vocalista do Pé do Lixo), que vem com um som antenado e destacando a fluência dos versos com a guitarra virtuosa de Kiko Pilha, mostrando novos caminhos sonoros e de convivência entre os humanos e o meio ambiente, “Sintonia, a luz que anuncia um novo dia, sempre em paz!!!”
Na Jornada – Java Roots: “O Java sempre primou pela qualidade do seu som, fazendo um reggae de primeira. Na jornada é uma prova disso, a cozinha pulsante de Jr Boca e Anderson Xuxinha, adicionada ao vocal de Chocolate e a guitarra de Tiago dá um toque com suingue e positividade, e nos levam a refletir sobre a alegria de viver e nada mais.”
Barra – Casaca: “Uma banda de sonoridade peculiar em sua mistura regional do Congo com a música pop. E nada mais a cara da banda do que convidar a galera para conhecer o congo da Barra do Jucu, do Morro da Concha, das Ondas do Barrão e também terra de Neimara Carvalho, campeã mundial de BodyBoarder e musa da moçada capixaba. É o novo som que vem de Vitória -ES-Brasil.”
Para Gerlindo – Tamy: “Uma das novas intérpretes e compositoras que vem conquistando cada vez mais seu espaço na cena capixaba, com seu som cheio de suingue, soul e malícia. Com forte influência da black music e MPB, que, somadas as reverências à Tim Maia, não deixam ninguém sem balançar. Com toda certeza esse som é “um quilo do bom” da música feita na ilha.”
Jardim Camburí – Zémaria: “Drum n bass de primeiro mundo, a Zémaria tem conseguido lugar de destaque no cenário de novos talentos no Brasil, sendo apontada como umas das melhores bandas do país por ninguém menos que o Vj Fabio Massári, da MTV. Mas não é para menos, é só botar pra tocar e você tem a nítida impressão que estamos no século Vinte e Um, dando uma volta no bairro de Jardim Camburi, vendo aviões cruzando os céus, completamente perdido. Que viajem!!! Que sonzeira!!!”
Pra Consertar – Crivo: “Uma das mais talentosas bandas do pedaço, destaque para o vocal suave de Tati Wuo, envenenado com um efeito especial que, aliado às guitarras de sua Irmã Matê Wuo, fomam a combinação perfeita para consertar qualquer programação no seu dial. “Pra Consertar” é “pop crasse A”, pra curtir e dançar.”
Os Olhos Verdes de Lucinda – Alexandre Lima & Radio Experienza: “Alexandre Lima (guitarra e voz do Manimal), homenageia a poetisa Elisa Lucinda, mesclando máquinas e homens trabalhando em prol da poesia e da música. A canção conta com a participação especial de Ivo Maia (Cantor Moçambicano), que manda um toaster irado no final, e ainda tem os backing vocais de Chocolate, do Java Roots, e a programação de Leo Caetano, fazendo uma experienza sonora das boas entre os brothers!!!”
Nada Sei – Nave: “Nada Sei é o rock-espacial da Nave, que acaba de aportar na Ilha. E em menos de um ano já começa a cativar seus fãs com as guitarras, baixo e bateria viajantes e pesados, e o vocal explosivo de Gustavo Vervloet. Usando muitos timbres lisérgicos, que nos remetem aos anos setenta, com a tecnologia de 2001, fazem uma odisséia na ilha em movimento.”
100% Reciclado – Pé do Lixo: “O Pé do Lixo é uma das bandas mais respeitadas do movimento e faz um som pesado, com molho “percussivo reciclado”, à base de latão de lixo, guitarra, bambo, d jambé, enxada… e de tudo mais que se possa percutir, repercutir e nos fazer refletir sobre o lixo que deixaremos de herança para nossas próximas gerações. 100% reciclado, tomara!!!”
5 da Manhã – Marcos CP: “Figura da periferia da cidade, ainda vive fazendo uma linha de ônibus como cobrador, Marcos CP é no mínimo o retrato do brasileiro, talentoso na veia de compositor, canta sua realidade quando trabalhou na construção civil, traduzida num reggae recheado com mini moogs e outras coisas mais!”.
Escaranovos – Por toda eternidade: “Sonoridade limpa dos Irmãos Jaques e Kátia Brinco, destacando a voz de Kátia, afinada pela noite capixaba, e que manda muito bem num pop pra colar nas FMs de plantão, com declarações por toda a eternidade. Sou pop até…”
Elvira – Urublues: “Elvira é uma estória de uma adolescente do interior que se apaixona por um guitarrista de blues, contada pela galera do Urublues. Uma das bandas de maior tempo em atividade da cena local, o Urublues detona um rock n blues de patamar elevado. Com os irmãos Simonassi: Saulo,Toyo e Waner, Dodô li Jones (O Abutre), e o show man Kauby, é som na caixa mané!!!”
A História de um Rapaz – Renegrado Jorge: “A História de Um Rapaz é a vida real, é o que acontece nas periferias do Brasil, relatada por quem vive essa realidade, como Renegrado Jorge, um dos cabeças do movimento Hip Hop do Espírito Santo.”
Um Indivíduo – Lordose: “Música candidata a hit pela melodia, refrão, boa letra e o carisma do Lordose, um dos grandes nomes da música capixaba. Não dá para não cantar após a primeira audição. Gruda que nem chiclete, é só apertar o play e se divertir!”
Pérola Salgada – Marcela Lobo: “Uma composição com jeitão anos 80 do Zé Antonio, em homenagem a Cazuza, interpretada pela voz ímpar de Marcela Lobo, que entoa emocionada “…Uma Lágrima, Pérola Salgada, Amor…”, com a veia MPB que só quem já passou muita noite em claro pode cantar.”