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2002: O ano da explosão

A ano que acabou no último dia 31 foi, sem dúvidas, o mais produtivo – em todos os sentidos – para a atual cena musical capixaba, que emergiu a partir da segunda parte da década de 90. O Dia D bateu recorde de bandas e público, as rádios intensificaram a execução de músicas locais (que já concorrem, nas paradas, com as músicas de bandas de fora) e o mais importante: bandas como Casaca, Java Roots, Rastaclone, Dead Fish e Lordose, expoentes da cena, lançaram seus trabalhos mais inspirados. Tudo isso contribuiu para podermos classificar 2001 como o ano da ferveção.

Estamos nos primeiros dias de 2002, ano em que, ao que tudo indica, a muqueca sonora capixaba vai explodir, “liberando pedaços para tudo quanto é lado”. Traduzindo: as bandas do ES vão transpor as nossas fronteiras e alcançar o mercado nacional. Os indícios de que isso vai acontecer não deixam dúvidas:

1) de cara, nos meses de janeiro e fevereiro, vão rolar por todo o litoral capixaba shows (muitos deles gratuitos) com as bandas locais, que certamente vão chamar a atenção da mineirada e demais turistas que vem aproveitar as férias por aqui;
2) além do Casaca, que assinou um contrato de respeito com a Sony Music (que por sua vez está “entusiasmada” com o grupo e “não quer errar” na estratégia de divulgação dos meninos da Barra do Jucú), pelo menos outras quatro bandas estão na mira das grandes gravadoras, que enxergam, confessamente, no ES, o próximo celeiro de novidades do cenário pop nacional;
3) como causa e consequência do crescimento do movimento, o Dia D 2002, sob a tutela da Dia D Produções, agora registrada como empresa, deve melhorar ainda mais a organização, atrair mais público e mais jornalistas de fora do estado;
4) as rádios estão cada vez mais propensas a tocar as bandas capixabas. A Litoral, a mais popular, vai incluindo aos poucos em sua programação as bandas com maior potencial comercial, a Cidade parece empenhada em levar a música capixaba para fora do ES (vai passar a transmitir sua programação via satélite), e a Transamérica e a Vila FM devem manter – e intensificar – a política de apoio a eventos e bandas locais;
5) na internet, meio que vem se mostrando muito eficiente na promoção de artistas, proliferam sites cobrindo a cena local. O Central da Música Capixaba, por exemplo, é um grande instrumento para mostrar a cena do ES para todo o Brasil, já que o portal Central da Música é visitado diariamente por milhares de usuários do Brasil e do exterior, todos ávidos por consumir novidades musicais;
6) as melhores bandas estarão lançando novos discos, que tem suas músicas já sendo trabalhadas junto ao público, que as recebe bem e aprova;

Desse último indício, inclusive, brotam as maiores certezas. Afinal, de nada adianta todo esse movimento em torno da cena capixaba se as bandas não produzirem trabalhos dignos de receber a consideração do público. E pelo que já deu perceber, os discos que saírão em 2002 trarão as bandas em seus momentos de maior inspiração. O ano começa quentíssimo para quem curte o reggae capixaba: até o final deste mês de janeiro, chegam o CD de estréia do Macucos, uma das maiores revelações de 2001, e o 2º CD da Salvação, a banda de reggae mais bem sucedida do ES. O disco do Macucos teve uma produção competente, conta com várias participações especiais, e tem tudo para ser um dos fenômenos desse início de 2002. Já o do Salvação, chamado “Os Dias”, foi produzido pelo produtor do Tribo de Jah e está bem diferente do primeiro, mas certamente não vai deixar por menos. O mês terá ainda a chegada do terceiro CD do Mukeka di Rato, que deve se chamar “Acabar Com Você” e vai marcar a estréia do vocalista Black BB em disco.

Em fevereiro, o mês do carnaval, deve sair o disco de estréia do Zémaria. O integrante Michel nos contou há alguns dias que o CD trará os hits “Jardim Camburi” e “Vermelha”, e algumas músicas novas, “que ninguém nunca ouviu”. A banda, aliás, é forte candidata a alcançar notoriedade na cena cult. O mês marca ainda a chegada do disco “Metrofire”, do misterioso Projeto Peixe Morto, dos integrantes do Dead Fish. Os caras ainda não nos revelaram do que se trata, mas vindo do Dead Fish, pode-se ter a certeza que de coisa ruim, não é. Já com as águas de março, que fecham o verão, chegará o quarto disco da banda de trash metal Siecrist. Esse é mais um grupo que, no cenário underground, já transpôs as fronteiras do ES. O vocalista Adriano Scaramussa garante que o novo disco será o melhor da banda.

Por volta dos meses de abril/maio, chegará, provavelmente, um dos grandes discos do ano, para o cenário capixaba. Estamos falando do terceiro álbum do Manimal, que vem sendo gravado aos poucos e já tem a participação especial de Toni Garrido, do Cidade Negra. A banda, que em 2001 perdeu o posto de mais popular do estado para o Casaca, sabe que a hora é agora e certamente vai dar tudo de si para presentear o público com ótimas músicas pop. Também no primeiro semestre, ainda sem uma data exata, devem chegar o segundo CD das bandas Simíos e Undertow. A primeira vem de um bom resultado no disco de estréia, lançado pelo selo Seven (distribuído pela Sony Music), e que teve a música “Se meu sofá falasse” emplacada na trilha sonora do seriado global “Malhação”.

Pensa que acabou? De jeito nenhum: as datas também não são certas, mas há várias outras bandas que prometem lançar novos discos em 2002. O Silence Means Death, de Fábio Boi, ex-líder da lendária Thor, vem gravando aos poucos as músicas para seu disco de estréia. O Pé do Lixo, com Reginaldo nos vocais, está com ótimas novas músicas (como “Vá em Paz” e “O Mundo”), e já vem pré-produzindo o segundo CD, que deve superar o primeiro, em todos os aspectos. Já o ex-vocalista do Pé do Lixo, Bacana, agora à frente do Universo Reciclado, diz que tem mais de 15 músicas e que pretende começar a gravá-las a partir de fevereiro. A julgar pela qualidade de “Sintonia” e “Uma força maior”, as duas músicas que o grupo já tem gravadas, o álbum promete. Teremos também o terceiro do Moxuara, que tem um público fidelíssimo e completou 10 anos de estrada em 2001, e o disco de estréia da banda Lucy, que, pelo que vem monstrando, é outra banda que terá seu trabalho na lista dos melhores de 2002, dentre os lançados no ES. Dá prá citar também as bandas Herança Negra (outra revelação do reggae), Urublues (que está na batalha há muito tempo), Big Bat Blues Band (vencedora do 2º Festival Rock por Essas Bandas) e Nave (revelação do rock e autora de excelentes músicas como “Contato” e “Nada sei”) dentre as que devem soltar novos trabalhos.

Além desses, algumas bandas que lançaram disco em 2001, certamente vão repertir a dose em 2002. O Casaca, já está certo, vai gravar e lançar neste ano seu primeiro disco, “de fato”, pela Sony Music. Cogita-se que será um álbum ao vivo, mas não é descartada a possibilidade do disco ser gravado em estúdio, com músicas inéditas. O Java Roots, que lançou em novembro o excelente “1000 m/s”, promete começar a gravar um novo trabalho em junho ou julho, colocando-o nas lojas até o final de 2002. O mesmo pode acontecer com o Lordose – que garante ter material para mais dois discos – desde que a banda consiga fazer mais shows e repercutir bem o álbum “Todo mundo está feliz aqui na Terra”.

Achou a lista extensa? Pois saiba que certamente esquecemos (não propositalmente) de alguma banda/artista, não citamos as coletâneas e os tributos, e não consideramos o fator surpresa. Quem sabe não pinta um novo fenômeno, como o Casaca? Tudo é possível. Deixando o campo das possibilidades, o certo é que, com tantos ventos soprando a favor, a cena capixaba só não deslancha em 2002 se “uma força maior” intervir. Quem viver até o final deste ano, verá…

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