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PE no Rock 03 revela bandas e prova consagração

Primeiro dia de PE no Rock: segundo a produção do evento, cerca de 2.500 pessoas bateram cabeças na noite da Sexta-feira no Clube Português, em Recife. Uma maratona de seis shows divididos em dois palcos. O público jovem, muitas vezes conduzidos pelos pais, vestia camisas de seus ídolos, sugerindo uma infanto-juvenil ousadia no ar. Como marcado, às 21h era a hora das bandas mostrarem a que vieram.


E foi exatamente nesse clima – de pontualidade meio britânica com hora certa pra começar e terminar (a pontualidade é uma característica do festival) – que a pernambucana Estrógeno abriu a sexta edição do PE no palco 2. Nada melhor do que atrair o público com todo o charme da única banda feminina a tocar no  festival. Digamos que as moças, de cabelos coloridos e visuais black, atingiram as expectativas: mostraram que são boas instrumentistas e merecem mais espaço no circuito de festivais pernambucanos. Vindo de apresentações em bares do Recife, não pôde faltar no show um perfeito cover de Violet, do Hole, (pena que ainda não tivesse muita gente pra ver).  Palco 1, 18h30, é vez da Fourpings, segunda banda da noite a subir no palco. O rock´n´roll do quinteto traz composições demasiadamente sem graça. Música romântica: vaca vadia? O público ficou perdido nas ironias das letras.


Palco 2: os surfistas da Sharque Ataque soltam a goela, formando a primeira roda de pogo da noite. Banda nova e instigada de pouca ou quase nenhuma pinta de rockeiros. As letras, diga-se de passagem, só verborragia. De volta ao Palco 1, estávamos para ver o melhor show da noite. Os Astronautas aterrissam no planeta PE no Rock. Vestidos de preto e usando máscaras antigases, mostraram um rock´n´roll maduro, com letras que almejam outras atmosferas, sem protestos. Com direito a uma versão de Blitzkrieg dos Ramones, apresentaram uma produção caprichada e músicos experientes (André Frank, vocal, já integrou outras boas bandas pernambucanas). Com o CD no bolso há dois meses, a banda partirá este mês em turnê pelo sul do país, Florianópolis, Joinville, Porto Alegre e Belo Horizonte.  


Palco 2: Sobe Democratas, uma banda que, apesar de jovem, já tem seis anos na bagagem. Fazem o trivial do rock´n´roll e hard core, mas conseguiram instigar rodas de pogo, não se pode negar.  00h20, palco 1: a banda mais esperada da noite sobe ao palco, Rodox. É aí que notamos o grande número de evangélicos que prestigiaram o PE 03. “Na minha Igreja a gente quer fazer um som assim, mas o Pastor não deixa”. Diz Thiago, 16, junto a mais três amigos que tinham estampado em suas camisetas “Surfista de Cristo”. A banda já é gente grande e, em palco, Rodolfo faz sutis pregações e o público canta em coro hits como De Costas para o Mar e Horário Nobre.


Segundo dia de PE no Rock: a maratona de shows começa às 18h30. Para essa noite a expectativa da produção era de “estourar” o Clube Português. Cerca de 5.000 ingressos foram vendidos e, uma hora após os shows terem iniciado, já havia aproximadamente 2.000 pessoas. Sucesso. Pra começar, palco 2: o trashcore da Aborígenes mostrava o que a noite prometia. A banda agitou a reduzida platéia e para muitos foi um dos melhores shows da noite. Às 19h, guitarras soltas no PE no Rock: é a hora da Nor-K. Um imprevisto com um dos guitarristas e o show foi reduzido pela metade. Mesmo desfalcada, a Nor-k mostrou sua fusão de Dj, dois vocais e muito death metal.


Chuva e Rodas de Pogo: essa mistura marcou a sexta edição do PE. Enquanto o povo chegava, a peso rolava. Tava na hora da Sickness no palco 2 e dando seqüência, a Sick no palco 1. O rigoroso cumprimento do horário quase fez a Sickness acabar o show mais cedo: empolgado, o batera joga as baquetas para o público, quando é informado que a banda ainda tem tempo para mais duas músicas e pede desesperado as baquetas de volta. Já a Sick não teve a mesma sorte. O som dos PAs  e  a iluminação do palco foram cortadas de uma só vez. Desarranjos à parte, a banda promete: o batera é daqueles que não para pra respirar, no new metal da banda, ele é um show à parte.


Palco 2: o jovem som pesado da Scream prepara o público, que a essas alturas já amontoava o Português, para os “coroas”, Garotos Podres. Vinte anos de banda e a primeira vez que tocam em Pernambuco. Fizeram um ótimo show. O preparo físico do vocalista Mauro não é mais o mesmo de alguns anos atrás, porém, não foi obstáculo para as despojadas performances. A banda fez o público cantar Papai Noel Velho Batuta e Fernandinho Veadinho, hits gravados antes mesmo do nascimento e da primeira chupeta  ou, ainda, da vaga idéia do punk da maioria da platéia presente.  O vocalista Cannibal protagonizou um dos momentos mais legais do show com uma participação em Eu vou Fazer Cocô, gravado ano passado pela Devotos no CD de Tributo a Garotos Podres.


De volta ao palco 2, Psycho Glown mostra seu som cheio de influências trash e new metal. Nas letras, terror psicológico e obscuridade. Palco 1, estava mesmo na hora da Devotos. “Tocar no PE no Rock é mais comunitário. Aqui agente toca pra ajudar a levantar essas bandas iniciantes”, comenta Cannibal, minutos antes de subir no palco e fazer um dos melhores shows do PE no Rock, motivando  as mais belas rodas de pogo do festival. A Devotos aproveitou pra captar imagens para o próximo clip, Roda Punk. E fez o Português berrar em uma única voz Eu Tenho Pressa, Punk Rock Hardcore Alto José do Pinho e, em Tem de Tudo, a platéia ostentava uma bandeira com frases contra a classe pagodeira. Mas, entre “moshes” e  pogos, salvaram-se todos.


Para Os Cachorros faltava apenas Protesto Urbano que, diga-se de passagem, fez o pior show da noite. Por muitas vezes  atrapalhando o trabalho dos seguranças, que estavam lá para impedir que os mais empolgados subissem no pequeno palco 2, tanto para que esses não se machucassem como para que não quebrassem os equipamentos, e não para proteger os efêmeros astros, como se  pensava.  Bom, mas Os Cachorros de Olinda encerraram a última noite do PE no Rock com seu hard core escrachado e despreocupado. Tocaram músicas conhecidas pelo público e do próximo CD Acorda Pra Cuspir Senão a Baba Cai. Se o Abril pro Rock é vitrine para todo país, o PE no Rock é revelador .

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