Manymais: o próximo fenômeno pop do Brasil?
Nunca tive dom prá “Mãe Dinah”, mas vou arriscar aqui uma previsão: os três artistas (com cara de débil mental) que você vê na foto ao lado serão o próximo fenômeno pop da música brasileira, daqueles de tocar até dizer chega nas rádios e ter suas músicas executadas em trio elétrico durante o carnaval. Por que me arrisco a dizer isso? Porque esses três malucos da cidade agrária de São José dos Pinhais, Paraná, assinaram contrato com a major Warner Music, após o enorme sucesso na internet de sua música “Segura o Chuck”, que só aqui na Central da Música teve 15 mil downloads.
Agora, Sha-Zan, Charly Xyn e Tiagus III (nomes artísticos, é claro), vão sendo preparados para tomar de assalto a mídia. Antes que isso aconteça – se realmente acontecer – e eles comecem a ser super requisitos pela Capricho, Atrevida, Contigo e afins (e também rotulados como “os novos Mamonas Assassinas”), resolvi bater um super papo com os caras, que nesta entrevista contaram (quase) tudo o que você gostaria de saber sobre uma banda prestes a estourar em todo o Brasil, de verdade. Foi uma surpresa constatar que eles não tem só besteira dentro da cuca (o comentário não vale, claro, para o que eles falam em suas músicas), o que me deu mais firmeza para apostar: essa treta não vai mesmo ter fim tão cedo!
MúsicaNews: Se vocês tivessem que definir o que é o Manymais para uma pessoa que nunca ouvi falar de vocês, como definiriam?
Sha-Zan: Se o Matt Groening, o criador do desenho animado Simpsons, resolvesse fazer uma banda, acho que seria algo parecido com os Manymais: uma banda com humor ácido, mas que não está preocupada em se “engajar” em causa alguma. A regra básica é que as letras sejam Dementes e a musicalidade fica em último plano.
Tiagus: Manymais surgiu daquela vontade de não fazer nada que todo mundo tem, mas que fica escondendo porque tem vergonha. Só que eu me dei mal, vou ter que trabalhar muito mais…
MúsicaNews: Como vocês se conheceram? E quando, por que, e prá que criaram o “Manymais”?
Sha -Zan: Moramos na mesma rua há uns quinze anos. Formalmente a banda existe desde Dezembro de 2000, embora a idéia básica da banda já existisse a muito tempo. A decisão de fazer a banda funcionar surgiu quando estávamos assistindo a uma entrevista com o Maestro Júlio Medaglia.
Charly Xyn: Ele estava indignado com a baixa qualidade da musica pop, e quando indagado sobre qual seria um exemplo de um bom artista pop, ele foi taxativo:
- Não existe nenhum!
- Mas pelo menos um exemplo deve existir…
- Não! Tudo que esta fazendo sucesso é ruim. Fez sucesso, desconfie…
Sha -Zan: A partir desse dia, ficamos pensando: Se isso é verdade, então também temos o direito de ganhar dinheiro divulgando nosso próprio lixo!
Concordamos totalmente com o Medaglia: Nada se salva no pop, inclusive os Manymais. Contudo nem indústria fonográfica nem o público irão parar. Por isso estamos aí, pra zoar!
MúsicaNews: E de quem foi a idéia de escolher esses nomes esdrúxulos? Por que “Tiagus Terceirus”, “Charly Xyn” e “Sha-Zan”?
Tiagus: Cada um escolheu o seu. Achávamos os nossos nomes muito comuns.
MúsicaNews: Vocês estão de contrato assinado com a Warner Music e em breve estarão com o single “Segura o Chuck” tocando nas rádios. Conta prá gente: o que que rola nos bastidores, a gravadora tem feito alguma preparação especial com vocês?
Sha-Zan: Não podemos falar muito pra não estragar a surpresa, mas dá pra adiantar que com a Warner na jogada, podemos colocar em prática coisas que mal podíamos sonhar.
Charly Xyn: Estamos sendo assessorados por uma grande equipe, o que facilita bastante o processo de criação. Quanto a como se comportar, a gente conversa bastante com o nosso Diretor Artístico, Wagner Vianna, que sempre nos orienta nas entrevista, por exemplo, mas sem alterar a idéia original.
MúsicaNews: E como é esse contrato pela Warner? Prevê um disco, dois discos? Pelas conversas, vocês acham que a gravadora está realmente disposta a investir pesado na divulgação dos Manymais?
Tiagus: não existe previsão de quantos discos iremos lançar, tudo depende de como o publico vai reagir ao lançamento do Single “Segura o Chuck”. O presidente da gravadora gostou muito das músicas, mas nós não sabemos qual será a estratégia de divulgação.
MúsicaNews: E por falar em CD, vocês tem previsão de quando vai sair o primeiro? Ou não vai sair tão cedo, será só o single? E quando o single vai sair? Quantas músicas vocês já tem?
Sha-Zan: Não temos datas definidas. O CD está sendo composto, temus até agora umas quinze músicas, podemos comentar algumas:
- “Nois É DJ”: a história de dois idotas que querem ser DJs, pra ganhar a mulherada e impressionar os amigos, mais ou menos no estilo Debi & Loide.
- “Superstisman”: se o Clark Kent tivesse nascido na Bahia, ele com certeza seria o muito parecido com o “Superstisman”, o herói que recorre a todos os tipos de simpatias e amuletos pra resolver os problemas.
- “Tendência Inseticida”: É mesmo ridículo como seres tão pequenos possam causar tantos problemas a nos humanos: a letra fala sobre os insetos “do bem” e os “do mal”.
“Conselho de Amigo”: foi inspirada nos e-mails de músicos, que tentam defender a “qualidade” da música pop. Sempre reclamando da nossa atitude, porém sem nenhuma sugestão nova.
- “Bananas em Chamas”: em cima desse trocadilho idiota, colocamos a idéia de que as bananas não suportam mais serem tratadas como uma fruta menor, e se rebelam contra a humanidade: “É o Juízo Vegetal, e você vai ser o réu / Bananas em chamas caindo do céu/”
MúsicaNews: E como foi estar no Rio de Janeiro gravando com um produtor profissional uma nova versão para a “Segura o chuck”? Vocês já tinham alguma experiência de estúdio?
Tiagus: Na verdade não tivemos grandes surpresas na parte técnica. O Plínio Profeta, produtor do Single, tem um modo bastante parecido com o nosso de trabalhar. A diferença básica esta na velocidade e nos equipamentos utilizados, afinal de contas o cara é um profissional.Também foi legal saber que estávamos usando o mesmo estúdio que o Rappa, os Raimundos ou o Skank usam (Estúdio do Tom Capone).
Charly Xyn: Nós realmente nunca havíamos gravado em estúdio profissional, a primeira versão de “Segura o Chuck” havia sido gravada dentro de uma caixa de papelão com um microfone de karaokê direto num PC Pentium 233. Na viagem aérea para o Rio quem parecia mais aflito era o Tiagus, mas bastou chegar a comida e a cerveja para que ele voltasse a falar as mesmas besteiras de sempre.
MúsicaNews: Pelo que sei, o Tiagus é estudante de Letras, e o Sha-zan e Charly são os “mais burrão”, desenhistas. Quem compõe as letras, é o Tiagus? Ou na hora de escrever bobeira os “burrão” são os melhores?
Charly Xyn: É, realmente o Tiagus estuda letras para poder estragar a linguagem com conhecimento de causa. Todo mundo faz as letras, mas a maior parte quem compõe é o Sha-Zan.
Sha-Zan: Ter idéias idiotas, qualquer um pode ter; é fácil ficar falando besteira. A coisa complica quando isso tem que virar uma história com começo meio e fim, ainda por cima rimando. A maioria das bandas que tentam fazer isso escorrega para o humor escatológico, com coisas do tipo: Pega no meu Bilau ou Buraco Fedido…
Sinceramente, não conheço ninguém que se divirta com isso.
MúsicaNews: Aliás, das três canções de vocês que conheço, todas seguem a linha do “humor escrachado”. Vocês pensam em fazer alguma letra séria, ou que ao menos não seja “besteirol” puro? Xingando os políticos, por exemplo, como sugeriu um carinha no fórum do site…?
Sha-Zan: Não, letra séria não! Até porque depois de escrever coisas como: ele matou os “Praymobil”/ A Barbie ele “estrupou” a nossa crítica social não ia surtir muito efeito, eu acho.
Charly Xyn: Por enquanto esse negócio de misturar conscientização com besteirol fica por conta do Charlie Brown Jr, que, como eles mesmos dizem: “eu não sei nada de matemática, sou um burro em francês / Mas sei tudo de anatomia, me dá o seu anel”… sei lá mais o que!! Contudo, em outra música, eles já tem a manha de pedir pra que os jovens se unam e sejam levados a sério (?). Não, definitivamente, letra seria não é pra nós.
MúsicaNews: Ainda sobre as letras, caso os Manymais venham a fazer um sucesso daqueles “arrebatador”, é bem provável que chovam críticas de todos os lados condenando o uso excessivo de palavras erradas nas músicas. Vocês podem ser condenados por assassinar a gramática. E aí?
Sha-Zan: Tanto melhor. Aliás, eu acho que uma das poucas maneiras de chocar a sociedade é essa: falando errado mesmo. A trinta anos atrás, era fumando maconha e sendo um virtuose de seu instrumento musical. Depois vieram os Punks criticando o “sistema”, mostrando que ninguém precisava tocar pra fazer sucesso. Eu acho que o que sobrou hoje foi ficar avacalhando com o idioma, porque sempre vai ter um chato do lado pra ficar dizendo: “Ei, não é assim que se escreve”, ou seja é uma maneira de se fazer “contracultura”, né?
Charly Xyn: A língua portuguesa muda todo o dia. Quem fala que é culto, geralmente usa isso como escudo pra esconder as suas outras fraquezas e quer parecer mais inteligente que os outros.
Tiagus: Se falar certo fosse divertido, a Academia Brasileira de Letras teria arquibancadas e viveria lotada! E tem mais, como eu aprendi outro dia num desenho animado: “Todo mundo comete erros, é por isso que eles põe borrachas no outro lado do lápis”
MúsicaNews: O grande “salto para a fama” de vocês começou quando o clipe caseiro de “Segura o Chuck” passou pela primeira vez na MTV. Foi daí que surgiu o contato com a Warner, não foi? E é verdade que foi a produção do “Piores” que pediu vocês para fazerem o clipe, depois deles terem ouvido a música na internet? Contem essa história toda aê…
Charly Xyn: Bem, na verdade a gravadora Warner decidiu pela contrataçao uma semana antes da exibição do clipe na MTV, a gente já vinha conversando desde fevereiro. Quem ligou um dia após a exibição do clipe foi o Diretor de Jornalismo da Rede Globo, em São Paulo, Amauri Soares. Ele queria que passássemos a produzir alguns textos e jingles de humor pra a emissora. Também acenou com a possibilidade de gravarmos pela Som Livre.
Sha-Zan: A história do clipe caseiro começou quando a Flávia Boglio, que trabalha na produção do programa Piores Clipes do Mundo, ouviu a musica na internet: “essa musica do Chuck é uma preciosidade, vocês precisam fazer um clipe pra gente passar no Piores!”, escreveu ela. Topamos na hora! E, uma semana depois, lá estávamos nós, em rede nacional, com esse curta metragem de cine trash…
MúsicaNews: Inclusive, tudo começou com a divulgação pela internet. Qual foi (e quando foi) o primeiro site em que vocês disponibilizaram suas músicas? E quanto tempo levou para a galera começar a baixar as músicas e elogiar?
Sha-Zan: o Primeiro site em que divulgamos a musica (apenas em Realplayer) foi o Estilingue e foi também onde demos a nossa primeira entrevista, em fevereiro. Mas o primeiro site a ter a musica disponível para download, foi justamente o Central da Música. Em uma semana estávamos em primeiro lugar!
Charly Xyn: A partir daí , não paramos mais de receber mensagens, a maioria, para a nossa surpresa, favorável a esse estilo trash, inclusive de muitos professores universitários!!! Ficamos realmente espantados!
MúsicaNews: Vocês já pararam prá pensar que podem ser a primeira banda a ter o sucesso nacional alavancado pelo sucesso na rede? Isso seria uma puta conquista, porque se vários sites financiados por capitalistas internacionais não tem dado certo na net, por quê uma “bando de malucos” haveriam de dar, não é não? :o) Fazem idéia de quantos downloads a “Segura o Chuck” já teve?
Charly Xyn – Ao que tudo indica, não existe notícia que uma outra banda tenha chegado a uma grande gravadora através deste caminho. Realmente foi uma grande conquista, principalmente levando em conta o tempo super-reduzido em que isso aconteceu (6 meses).
Tiagus: Outro detalhe absurdo é que nós não investimos praticamente nenhum dinheiro!! O custo total da operação já incluídas as horas de telefone na internet, e envio de material, ficou em menos de R$ 500,00!!!
Charly Xyn: Número de downloads? Não temos como fazer esse cálculo, mas contabilizando o finado Napster, acreditamos que esse número fique entre 70mil e 90 mil copias da música, mas pode ser muito mais.
Sha-Zan: Todos os dias recebemos e-mails dos mais variados pontos do planeta. Sabemos de brasileiros que trabalham no Japão, Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Inglaterra, Holanda, Itália, e muitos outros paises. Eles fazem centenas de cópias em CD, pois lá isso é muito barato, e depois distribuem as cópias entre seus amigos. Mais ou menos como aquela idéia de ficar passando uma piada pra frente na internet.
MúsicaNews: Considerando-se os inúmeros elogios que vocês tem recebido, e até mesmo o “tom” dessa entrevista, acho que já há uma grande expectativa em torno do “estouro” dos Manymais. Prá vocês, como tá sendo isso? E se vocês não fizerem o sucesso que espera-se?
Charly Xyn: Ficamos mais espantados com o “boom” que isso teve na internet, realmente não podíamos esperar isso.
Tiagus – Também ficamos pasmados com o contrato com a Warner. Depois de ler o e-mail de Amauiri Soares, da Rede Globo, ficamos pulando e gritando na sala como um bando de idiotas. Então pensamos: – O que vier daqui pra frente é lucro, não nos enxergamos como artistas e sim como um bando de fuleiros.
Sha-Zan – O negócio da gente é se autodepreciar, queimar o filme mesmo. Não nos importamos de parecer idiotas. Pelo contrário, isso é bem divertido! É como usar uma droga, mas sem ter os efeitos colaterais!
MúsicaNews: Supondo que vocês “estourem”, também será inevitável uma enxurrada de comparações com os Mamonas Assassinas, o que aliás já vem acontecendo. Apesar da diferente sonoridade, o que vocês destacariam ter em comum os falecidos Dinho & Cia?
Tiagus: Quando os Mamonas fizeram sucesso, também foram comparados a outros grupos, tipo Ultraje a Rigor. O coitado do Barrichelo também ficou com a missão impossível de ser um novo Ayrton Senna. Isso é normal.
Sha-Zan: As pessoas não conseguem lidar com algo que não tem referência. Precisam de um exemplo pra poder explicar isso pros outros. Que o nosso sejam os Mamonas então. Tá valendo!
Charly Xyn: O que temos em comum é o estilo escrachado e irreverente, que alias é uma característica de bandas internacionais como Offspring, Green Day, Blink 182, mas que no Brasil ainda é visto com certo preconceito. Quando se fala em banda as pessoas imediatamente assumem uma postura de seriedade. Por outro lado, essas mesmas pessoas vão ao cinema assistir bobagens como dinossauros falantes de Walt Disney e saem maravilhados! Alguns até choram…
MúsicaNews: Eu, particularmente, quando ouvi os Manymais pela primeira vez, exclamei prá mim mesmo: “esses sim!”. Isso porque, desde que os Mamonas morreram, surgiram vários artistas “engraçadinhos”, querendo suceder os caras, mas vocês foram os primeiros em que eu notei aquele algo mais, a originalidade. Essa “capacidade” de falar bobeira e fazer “macaquices” é característica natural de vocês desde crianças ou isso foi sendo lapidado/forjado?
Sha-Zan: Acho que taí uma explicação pro sucesso que a gente vem fazendo, nós não “forçamos” a situação, fazemos músicas do mesmo jeito que a gente conversa num bar ou na rua. Não tem uma receita pré-pronta, do tipo, “vamos dizer isso ou aquilo por que daí as pessoas vão gostar da gente”, apenas fazemos.
Tiagus: Já nasci numa família de músicos. Os caras se fodem atrás da perfeição. Sempre pensei: – essa vida de músico é muito estressante. Mas por outro lado, a idéia de subir num palco me parecia muito legal. Quando o Charly e o Sha-Zan me falaram dessa banda, topei na hora!
Charly Xyn: Eu acho que falamos besteira desde a infância sim, e nisso meu pai, o Sr. Felisberto (é esse o nome dele mesmo) teve papel fundamental. Ele comprava discos do Ary Toledo e do Barnabé e ficava escutando junto com a gente durante horas, a maioria das piadas nós nem entendíamos, mas ficávamos rindo junto e decorando aquelas histórias dementes pra contar na escola depois.
MúsicaNews: Uma das perguntas que eu vivo fazendo a mim e a outras pessoas é se a música deveria ser predominantemente um meio de diversão pura e descompromissada, ou uma forma de arte/conscientização…
Sha Zan: Na minha opinião a musica é pura diversão, e os grupos que supostamente estão “politizando” as pessoas, na verdade só querem é chamar a atenção. Veja o exemplo do Rage Against Machine, que é o que se poderia chamar de uma banda de “esquerda”: Os caras colam adesivos do tipo “Sendero Luminoso” nos instrumentos porque isso é radical e choca. Mas eu diria que a esmagadora maioria dos fãs da banda jamais se tornaria um guerrilheiro só porque foi num show dos caras.
Charly Xyn – quem quiser se politizar, que ligue o rádio na “Hora do Brasil”, compre o Diário Oficial ou pelo menos tente descobrir o endereço ou telefone dos políticos em quem votou na última eleição. Vá encher o saco deles! Eu não quero nem saber, pode me chamar de alienado, eu nem ligo.
MúsicaNews: Apesar de vocês cantarem para divertir as pessoas, gostam de artistas que fazem, digamos, músicas mais intelectuais e/ou com mensagens político/sociais?
Sha-Zen: Eu já ouvi muito Caetano Veloso, Chico Buarque, esse tipo de música mais “sofisticada” . Mas acabei descobrindo que isso é muito pouco para uma pessoa realmente entender questões sociais. Além de ser um pé no saco você ficar cantando isso num momento de descontração. Veja só: você sai para beber e esquecer um pouco os problemas da vida e logo aparece um sujeito cantando coisas do tipo: Somos escravos do FMI ou Está na hora de mudar este país… vai se foder pô! Ou faz alguma coisa de uma vez ou para de encher o saco dos outros com o livro intelectualóide que acabou de ler!
Charly Xyn: outro dia veio uma menina me dizer que ela só lanchava no Bobs, por ser uma rede de “fast-food” nacional (?). Tudo bem, se eles trocassem as lâmpadas GE importadas por velas de parafina, se eles substituíssem os computadores por caixas manuais da metade do século passado, se ao invés de hamburguer servissem “Biju” (ou qualquer outro prato indígena) então posso concordar com esses discurso furado de porta de faculdade. É fácil ficar falando mal do “sistema” com o papaizinho financiando tudo. Todo essa conversa mole vai por água abaixo quando o sujeito recebe a primeira proposta pra trabalhar na IBM: esquece tudo o que disse na faculdade.
MúsicaNews: Voltando ao assunto internet: como vocês pretendem usar a rede, a partir de agora, para divulgação do trabalho de vocês? A gravadora vai deixar continuar rolando os mp3s?
Tiagus: Sem dúvida, cada vez mais a internet vai fazer parte não só do dia-a-dia dos Manymais, como de todas as pessoas. Ainda não sabemos bem o que fazer, estamos pesquisando novas maneiras de nos relacionarmos com o público através da rede.
Sha-Zan: Tenho quase certeza que a Warner vai vetar a distribuição das MP3 até que haja uma maneira de cobrar por isso.
MúsicaNews: Vocês tem um site oficial que, desculpe-me pela sinceridade, ainda tá bem fraquinho. Estão pensando em coisas novas para melhorá-lo?
Charly Xyn: Já tivemos varias propostas de webmasters profissionais que se ofereceram para melhorar o site sem cobrar nada. Estamos esperando mais um pouco, afinal o público da gente gosta de trabalhos toscos, sem muita produção. Ainda é um pouco cedo pra definir isso.
Sha-Zan: Ah! Pra mim ta bom assim mesmo. Mendigo que ta ganhando bem não compra roupa nova…
Tiagus: É, isso faz parte do nosso jeitinho de ser, as pessoas olham pra aquele site capenga e pensam, “coitada dessa banda”. E acabam pegando a música…
MúsicaNews: Apesar de estarem bem conhecidos, vocês nunca fizeram um show. Têm planos para fazer um nos próximos meses? Já pensaram em algo de especial para as apresentações?
Charly Xyn: A princípio não fizemos nenhum show porque tudo aconteceu muito rápido e mal tivemos tempo de assimilar isso.
Sha-Zan: É, gostaríamos de fazer, mas mal temos tempo de responder os e-mails. Depois do clipe no “Piores”, passamos a dar entrevistas todas as semanas.
Tiagus: Um show custa relativamente caro e atingiria um grupo muito reduzido de pessoas. O tempo que iríamos dispensar para produzir um show pode ser melhor otimizado na internet: contatos com jornalistas, sites, um numero maior de fãs, enfim muito mais (Many Mais) pessoas.
MúsicaNews: Prá finalizar, deixem um recado aê prá galera que teve a paciência de ler essa imensa entrevista com vocês aqui na Central da Música, e falem dos planos para o futuro.
Sha-Zan: Meu recado “cuca” seria, parafraseando o físico Carl Sagan: “Nunca subestime o poder de uma progressão geométrica”, porque é exatamente isso o que acontece quando você realmente tem algo a dizer e resolve trabalhar essa idéia dentro da internet.
Tiagus: Particularmente, desejo utilizar novas tecnologias de vanguarda e não tomar como modelo as estratégias de bandas do passado, que embora eu admire, já fizeram o que devia ser feito, à sua época. Acredito ser esse o maior erro dos artistas iniciantes.
Charly Xyn: Putz! Acho melhor esperar o CD ser lançado. A coisa ta só começando… “uma treta que não vai ter fim tão cedo”!.
Saiba mais sobre os Manymais
www.manymais.com.br – O site oficial do trio de São José dos Pinhais, como já dito, é bem tosco e não vai muito além das informações óbvias. Vale conferir a seção “Entrevistas” e claro, fazer o download da música “Seguro o Chuck”.