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Entrevista com Ricardo Soares, vencedor do FMB, da Globo

16 de setembro de 2000, Credicard Hall, São Paulo. No dia em que milhões de brasileiros sentaram-se na frente de suas TVs devidamente sintonizadas no canal Global, esperançosos de que do resultado do Festival da Música Brasileiro surgisse uma nova unanimidade, um salvador da MPB, eis que é anunciada a vitória do gaúcho Ricardo Soares, o “Homem do Paletó Verde Azeitona”, com seu rock “Tudo Bem Meu Bem”

Seguiram-se muitas vaias, muitas críticas na mídia e algumas declarações de carinho e apoio, também por parte de público e mídia. No entanto, pouco se sabe ou se falou do que verdadeiramente importa: afinal, quem é Ricardo Soares? Qual o passado musical deste cara? O MúsicaNews foi apurar…

Nesta “big” entrevista (“minha entrevista mais completa até então”), Ricardo Soares conta os detalhes de sua trajetória musical, fala de seu lado punk, álbum solo, faz algumas declarações curiosas a respeito de “Tudo Bem Meu Bem” e do Festival da Música Brasileira e revela seus planos para o futuro. Chegue mais e confira o papo, que rolou por e-mail (ao final não deixe de conferir a página do cantor na Central de Talentos, onde disponibilizou sua canção “Inimigo Público” em formato mp3).

Música News: Quando você começou a se interessar pela música e quando compôs sua primeira?
Ricardo: Minha mãe era cantora semi-profissional. Cantava em um trio, uma tia e um tio que tocava acordeon, completavam a formação , além de meu avô, violonista e compositor do repertório do grupo. Eles chegaram a gravar um registro em vinil daqueles absurdamente grossos, com uma chapa de metal no meio, acho que no começo anos 60. Embora isto tenha acontecido antes de eu nascer, ficam os valores, a inspiração, a paixão. Depois, aos quatro anos, eu já era o menino que cantava Amada Amante nas reuniões de família…(Freud explica?). Alem disto, as rádios AM eram literalmente a trilha sonora de nossas vidas. Easy listening, Muzak, o popular com aquele algo mais: Éramos felizes e sabíamos ( musicalmente falando é claro. Não vou fazer a apologia dos tiranos, muito pelo contrário…)

Música News: No seu site, fica nítido que sua formação musical é influenciada basicamente por artistas dos anos 70 e pelo “Rei” Roberto Carlos. Li algumas críticas que diziam que você tem um ar de “Roberto Carlos gaúcho”. Ele é realmente sua maior inspiração?
Ricardo: Ouvir e gostar daquelas canções de Roberto e Erasmo é tão natural quanto ouvir e gostar de Beatles. Elas são ao ponto: nem demais e nem de menos, grandes melodias, grandes ganchos, harmonias que enriquecem as muito boas letras, carregadas de metáforas sensacionais. É uma grande escola, e uma pena que não tenhamos mais seguidores. Mas Roberto é apenas uma das minhas centenas de influências: Arnaldo Dias Baptista, pela genialidade e entrega, Raul Seixas pelo non-sense com mais sentido que já se viu por estas plagas, Sérgio Sampaio pelo deixa sangrar, Jards Macalé, Walter Franco, Júlio Barroso, Rita Lee, João Ricardo, Cazuza e tantos outros, todos por serem tão lindos sendo eles mesmos. E mais John Lennon, Bob Dylan, Leonard Cohen, Serge Gainsbourg, Elvis Costello, Joni Mitchell e todos os grandes auteurs da música pop. Eu tento imitar a todos eles mais eu. Tudo ao mesmo tempo agora…

Música News: Como grande parte dos adolescentes do anos 80, você também participou de algumas bandas. Poderia citar algumas, bem como sua função nelas? Dessas bandas, alguma obteve algum destaque? Ou eram apenas “bandas de garagem”?
Ricardo: Aquelas bandas eram uma coisa totalmente descompromissada, tudo a ver com nosso estilo de vida da época. Éramos jovens suburbanos desempregados ou fazendo bicos, e ouvindo muita música ( no velho e bom vinil e na velha e boa Ipanema FM. Vivíamos a noite intensamente em shows e festas e encontros musicais ou cervejais, vivíamos o rock n roll. Os nomes das bandas refletiam o descompromisso: Brega Pra Capar, Suculento Mocotó e Rosa Tuberculosa (este chupado de um poema de Osvald de Andrade) não eram exatamente o padrão de nome de banda de rock da época. Eu compunha, tocava guitarra e cantava e as canções tinham nomes como “Brega Love” e “O Vagabundo Poeta e a Piranha mais Querida do Hemisfério Sul” junto com covers de Stones, Creedence, Raul. Todos nós tínhamos o sonho de estourar, muitos de nós tínhamos o talento mas ninguém tinha um pingo de estrutura pra fazer alguma coisa acontecer. E assim era, acredito, em cada cidade brasileira. Muito do que aquelas bandas faziam era lixo puro. Mas muita coisa muita boa ficou na poeira, para azar de quem gosta de ouvir coisa boa…

Música News: Nestas bandas que tocou na década de 80, as influências continuavam a ser o pessoal dos anos 70 ou houve uma “evolução”, buscando inspiração nos inúmeros grupos de rock que surgiram neste período?
Ricardo: O caroço era Rock n Roll, Beatles, Chuck Berry, mas sempre se procurava colorir aquilo sem o menor preconceito, com qualquer coisa que soasse interessante, de música sertaneja ao reggae às guitar bands do 80, a idéia era criar com o que houvesse à mão…

Música News: E depois você mudou para São Paulo, onde concebeu o projeto do álbum “fortaleza da solidão”, cujas 10 canções falam de vários sentimentos. Quando gravou e compôs estas músicas? Você as registrou em CD ou ficou mesmo só na demo?
Ricardo: Desde que mudei para São Paulo, mesmo sem estar tocando, eu continuei um ávido consumidor e dedicado estudioso de música pop. Fiquei apaixonado pela saga de Brian Wilson perseguindo até a loucura o pop revolucionário. Por Leonard Cohen, suas melodias cativantemente simples, suas imagens perfeitas. Por Steely Dan, sua obstinação no estúdio, seu discurso beat, suas histórias estranhas. E por Beck e pela maneira como ele assimilou e depois regurgitou tudo isto! E então eu queria dar a minha versão da história e ela seria um álbum com dez canções super-ultra-pop, fazendo um “upgrade” no meu velho estilo de compor. Sonoridades inventadas e/ou descobertas ao longo dos últimos milhões de anos devem aparecer sem preconceitos em meu trabalho ao longo desta carreira. Por fim, todo o meu trabalho é inédito e se fortaleza da solidão houvesse sido lançado muito provavelmente esta entrevista não estaria se dando devido ao fato de que Tudo Bem Meu Bem era integrante do álbum e já não seria então inédita…

Música News: Já compôs e gravou outros álbuns além do “fortaleza da solidão”?
Ricardo: Sou inédito, como já disse. Sim, pretendo estar dando minha contribuição ao pop nacional imprimindo meu estilo nos álbuns que com certeza virão. A missão do festival para comigo era identificar um público e eu acho que a meta foi atingida. Este foi o grande prêmio.

Música News: Também no seu site oficial você diz que “Tudo Bem Meu Bem”, a vencedora do Festival, é uma canção especial para você. Nos conte quando ela foi concebida, em que ocasião e alguma eventual curiosidade a respeito da mesma.
Ricardo: Um dia eu vinha dirigindo o carro e a melodia “aconteceu” dentro da minha cabeça. Não tinha nada de concreto e a letra era um amontoado de abobrinhas apenas para guardar o lugar. Quando eu tentei harmonizar, a melodia sofreu uma pequena alteração, e ficou exatamente do jeito que é atualmente. Depois veio o verso das virtudes e vícios, castelos e edifícios. A expressão “tudo bem meu bem” veio de outra canção que estava compondo, uma coisa bem chavão que chorava os carandirús e vigários-gerais ( é, eu também sei protestar…) e caiu como uma luva no fim dos versos. Eu gosto bastante de alternar os modos maior e menor na mesma música, daí não foi difícil conceber a ponte, a parte do “Rei sem Erasmo”. O resto foi pura ralação. Foram páginas e páginas de caderno até conseguir aquele resultado. Na época eu estava totalmente fissurado pelo disco “Recent Songs” de Leonard Cohen ( e estou até hoje…), e as imagens por ele usadas para retratar as coisas de verdade de um relacionamento. Honestamente: Quando eu escrevi Tudo Bem Meu Bem eu queria ser Leonard Cohen…

Música News: Aliás você diz que “Tudo Bem Meu Bem” é a rosa de um novo jardim, que teria “cravos, girassóis, petúnias, dálias, amores-perfeitos…”. Estas outras plantas do seu jardim já estão nascendo ou não passam ainda de uma semente pensando em ser germinada?
Ricardo: Venho escrevendo bastante por estes dias, quero ter um repertório de canções muito boas para poder escolher na hora de gravar. O estilo de compôr continua o mesmo: muita ralação, imagens fortes, tudo muito pop… Estou louco para mostrar isto, é terrivelmente desconfortável ser conhecido apenas por aquela música. É como ser julgado por um pé ou uma orelha…

Música News: Além de músico você é programador e diz que o computador lhe auxilia muito na composição dos arranjos. Quais softwares costuma usar neste processo?
Ricardo: A música contida na demo que se classificou no festival havia sido escrita, arranjada, produzida, gravada e mixada por mim, no meu estúdio caseiro, carinhosamente chamado “Nas Coxas”. As bases são montadas com um sequenciador QY70 da Yamaha e gravadas num quatro canais Fostex XR-3, aonde eu acrescento violão, guitarra e voz e depois faço a mixagem num velho micro system Sony. Quero evoluir neste processo e me tornar um Brian Wilson digital. Pouco ambicioso…

Música News: Seu site oficial é até simpático, mas apesar de trazer as letras das suas canções, não traz muitas amostras de áudio (Real Audio ou Mp3) das mesmas. Por que? Você não simpatiza com a idéia de disponibilizar as músicas gratuitamente, em formatos populares como o mp3?
Ricardo: O site foi feito por mim ( do it yourself: como é bom ser punk!) e no meio do vendaval. A idéia é que o site seja num futuro não muito distante a minha principal mídia. Tenho idéias formadas sobre Internet, mídia digital, comunidades virtuais. Por causa disto eu tenho certeza que a coisa vai acontecer de qualquer maeira, nem que seja vendendo discos independentes e MP3 no site do artista. Por outro lado, neste pós-festival eu estou de namoro com a toda poderosa indústria fonográfica e este relacionamento deve vir a ser um aprendizado riquíssimo para mim. A hora é de esperar a poeira baixar para poder enxergar exatamente onde me encontro, certo?

Música News: Agora as perguntas inevitáveis, sobre o FMB: Por quê a escolha de “Tudo Bem Meu Bem” na hora de se inscrever no Festival?
Ricardo: Juro que eu ia fazer uma música exclusivamente para o FMB, mas o gravador queimou e não haveria tempo hábil para concluir aquele projeto. Então eu fui às demos do “fortaleza da solidão” e pincei aquela que ao meu ver tinha mais a ver, era a mais equilibradinha…

Música News: Os compositores tem a modesta tendência de sempre dizer que “é uma grande surpresa saber que minha música foi classificada”, quando se inscrevem em algum festival concorrido. Você também é destes modestos ou acreditava que tinha boas chances de ser classificado entre os 48?
Ricardo: Adoro a música que eu faço. Volta e meia, durante o processo de composição eu tenho uns picos de excitação com as possibilidades que a coisa vai ganhando. E, não raro, o resultado me agrada bastante. Depois você vai inscrever a música e descobre outros quinhentos compositores só naquele dia, só naquele local e é claro que qualquer segurança vai pra cucuia. A gente tem um histórico de levar bordoada que não é uma coisa fácil de ser superada. Mas eu lembro claramente de, em situações adversas ao longo do primeiro semestre, de a lembrança da música inscrita e as possibilidades a ela vinculadas trazerem algum alento para este escriba…

Música News: Sobre o resultado do festival: é de conhecimento de todos a insatisfação do público (rolaram vaias) e da crítica com a escolha de sua canção como vencedora do festival. O que você sentiu quando o Serginho anunciou sua canção? E diante das vaias, o que passou pela sua cabeça?
Ricardo: Desde o começo eu ouvia histórias de que fulano, beltrano ou cicrano gostava bastante da música mas eu nunca levei isto a sério, achava que se dizia isto para todos. Muita gente dos bastidores – cozinheiras, porteiros, costureiras – manifestaram abertamente sua torcida pela minha música, e, ei, é para estas pessoas que eu escrevo! Considere que nossa apresentação foi a mais garajuda do festival. De minha parte foi 95% de atitude e emoção para uns 5% de técnica. Teria sido muito fácil terem limado a canção já na eliminatória. Antes do anúncio, eu pensava “Eles não teriam a cara-de-pau…”. Depois eu pensava “Meu Deus: eles tiveram!”. Eu entendia o público (ironicamente as músicas preferidas eram todas de caras da Grande São Paulo)

Música News: Aliás, nas matérias publicadas a respeito do resultado do festival, diziam que era notório seu constrangimento com a vitória. Você mereceu ganhar?
Ricardo: Ei caras: Eu amo música no mínimo tanto ou mais do que qualquer um envolvido ali. Música não é futebol. Contar que eu mereço mais que o Tatit, que o Tião, que o Walter é uma coisa complicada. Eu amo estes caras e ter que disputar com eles é qualquer coisa como ter que duelar com meu pai: como vocês se sentiriam? O prêmio é meu, a hora é minha e o que aconteceu ali por linhas tortas só vai ficar claro quando o resto do meu trabalho começar a ser mostrado. Se me deixarem trabalhar minhas idéias eu acredito que o meu lugar na música nacional deve ficar claro e bem demarcado. A quilômetros das comparações com Mônica Salmaso e Lula Barbosa…

Música News: Algumas pessoas lembraram também o festival em que Gil e Caetano foram vaiados, e que apesar de tudo, hoje são o que são. Um internauta da Central da Música chegou a dizer em nosso fórum de discussões que a escolha de sua música foi pura jogada de marketing, uma armação para lembrar estes festivais antigos. O que você acha de tudo isso?
Ricardo: Rá!

Música News: Você disse também que vai trabalhar para ser reconhecido pelo público, que não quer ficar marcado apenas por ter sido “aquele cara que ganhou o festival”. Todas as vaias e críticas que recebeu são um fator de estímulo para tentar melhorar?
Ricardo: O contexto era um tanto absurdo: Um cara aparece com uma canção bonitinha que não é um lixo, uma letra de amor que não é babaca, podendo vir a fazer uns e outros pensarem, inclusive, fazendo um som para uma faixa de público que há tempos está carente da canção que é popular sem ser estúpida. Num contexto longe das comparações que são inerentes a um festival destas proporções, este cara estaria sendo festejado como alguém honesto a fim de trabalhar de verdade, de ir além do marketing, de resgatar alguma coisa do tempo em que se comprava a música por que ela era boa e não por que tocava, tocava, tocava, tocava… As vaias e as críticas dizem mais a respeito da armadilha contextual: Coisas muito boas podem parecer muito ruins e coisas muito ruins podem parecer muito boas…

Música News: E o que achou, tanto da iniciativa da Globo de fazer este festival, quanto do festival em si? A mídia não poupou críticas, a grande maioria das pessoas o acharam sem emoção…
Ricardo: Eu não tenho a menor possibilidade de fazer um julgamento imparcial dado ao meu grau de envolvimento. As pessoas com as quais eu me envolvi eram pessoas extremamente dedicadas, trabalhandocom afinco e dedicação para fazer aquilo acontecer. O festival era aberto a qualquer um (Não concordo com quem ache que uns e outros deveriam ficar de fora, creio que temos escondidos por aí compositores tão bons quanto nossos maiores medalhões). Quanto aos critérios, não há como escapar de entregá-los na mão de alguém e esperar para ver o que acontece. Qualquer coisa na vida poderia ter sido diferente se em determinado momento alguma outra coisa tivesse acontecido. Ou não. Iniciativas assim são importantes, a Globo é movida a pontos no IBOPE e ninguém aqui é criança sonhando com o mundo mágico de Oz… Lamentável é que no meio da discussão sobre o apresentador, a repórter, a torcida, etc., a música tenha acabado ficando em segundo plano…

Música News: Você acredita que no futuro “Tudo Bem Meu Bem” pode ser considerada uma música importante pelo público? O verso inicial (“Você tem tudo que eu quero pra ser meu problema”), por exemplo, é perfeito para declarações de amor…
Ricardo: Não me preocupa a questão. Me preocupa com que grau eu conseguirei estar desenvolvendo idéias muito criativas ao longo do processo que estou iniciando. No fim, “Tudo Bem Meu Bem” deverá constar mais como uma pedra no mosaico que eu pretendo imprimir…

Música News: Já havia obtido posições de destaque em algum outro festival de música?
Ricardo: FMB foi meu primeiro festival. Talvez não – Tenho uma vaga lembrança de um festival estudantil em Sapucaia do Sul no final dos anos 70, eu tinha 12 anos, cantei “O Ano Passado” de Roberto e Erasmo e fui desclassificado na eliminatória. Enfim…

Música News: Além dos R$ 400 mil a mais na conta bancária, mudou alguma outra coisa na sua vida com esta vitória? Já foi parado na rua, por exemplo?
Ricardo: Sim, as pessoas perguntam se eu não sou “o cara aquele que ganhou o festival”. Sim, eu recebo várias manifestações de carinho, tanto na rua como por emails. Mas a maior mudança deve se dar a medida que eu for imprimindo meu estilo nessa coisa toda.

Música News: Quais são seus projetos para o futuro? Novas canções e projetos na área musical à vista? Você se inscreveria num possível “Festival da Música Brasileira 2001″?
Ricardo: Devo arregaçar as mangas e trabalhar como um louco, um apaixonado, um obstinado. Pretendo desenvolver pesquisas no campo da produção musical, sou fascinado por Phil Spector, Brian Wilson, Dust Brothers, Jerry Wexler. Tenho interesse pelos novos mercados e relacionamentos que a Internet traz para dentro de nossas casas. E a coisa tarantinesca de navegar no mar pop sem ter um rumo pré definido…

Música News: Por fim, gostaria de falar alguma coisa para as pessoas que acompanharam o festival, tendo ou não gostado de sua música ou do resultado?
Ricardo: “Tudo Bem, Meu Bem: Eu também amo vocês!”. Assim mesmo com todos o erros do meu português ruim…

Saiba mais sobre Ricardo Soares

Site oficial – Galeria de fotos, notícias e novidades, muita interação e versões em Real Audio de outras três músicas de Ricardo. Tem também um FAQ muito bacana, com perguntas e respostas sobre o artista.

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