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Entrevista com a cantora Vânia Bastos

Vânia Bastos tem 15 anos de carreira e figura entre as grandes cantoras do país. Neste final de semana, ela lança “Vânia Bastos e o Clube da Esquina” em show em São Paulo. Dona de uma voz singular e de uma técnica impressionante, a cantora começou a carreira nos anos 80, com a chamada Vanguarda Paulista. Um de seus discos, “Diversões Não Eletrônicas”, faz menção a uma das músicas mais emblemáticas do “movimento”, Diversões Eletrônicas, e uma oportuna homenagem aos maestros da música popular brasileira. A cantora já transitou entre vários estilos e, agora, reinventa a beleza, a doçura e a força das canções do Clube da Esquina, que marcou a entrada definitiva de Milton Nascimento – que participa do disco na faixa “San Vicente” -, Beto Guedes, Fernando Brant, Lô Borges e outros mineiros para a história da música nacional. A seguir, Vânia fala sobre sua viagem aos anos 70, às cidades e aos campos de Minas Gerais e sobre sua carreira.

MusicaNews: Como foi a seleção do repertório? Por que o Clube da Esquina?
Vânia Bastos: Foi um convite do Mazzola, que me convidou para ir para a gravadora dele, a MZA Music. Ele fez a proposta de regravar as canções do Clube da Esquina. Então, me veio aquela seqüência de músicas lindas, que eu sempre amei desde minha pré-adolescência, na época de 72, 73. E minha história também tem uma ligação com Minas Gerais. A família de meu pai é de lá. Eu passava minhas férias em Minas, ouvindo aquele som, que era comum tocar nas rádios, e vendo aquelas paisagens.

No texto de apresentação do disco, Fernando Brant fala isso, que você recriou as paisagens de Minas Gerais…
Ele nem sabia dessa minha história com Minas. Fiquei muito emocionada quando li o texto. Agora que tenho uma carreira como cantora – eu sempre quis ser cantora -, 30 anos depois daquela época, o texto me comoveu muito.

As canções ganharam novos arranjos ou preservaram o clima original?
Quem fez os arranjos foi Luiz Avellar. As músicas estão completamente diferentes. Nós nos perguntamos como entrar naquele mundo perfeito, ideal, e tomamos cuidado para não fazermos arranjos semelhantes. Até porque não faria sentido. Então, optamos por piano e cordas e ficou muito bonito. As músicas ganharam uma emoção diferente, têm outro sabor.

O seu último trabalho, Belas e Feras, traz canções ditas “pop”. Como foi gravar esse repertório?
O Belas e Feras é muito parecido com meu primeiro disco [Vânia Bastos, de 1987]. Os arranjos são do Mário Manga, que também fez a produção. E ele é um grande guitarrista. Por isso, o disco ficou diferente. Era uma homenagem às cantoras e coloquei as de que gosto no repertório. Não vi problemas em pôr, lado a lado, Ivone Lara, Rita Lee, Marina Lima. Até porque sou uma cantora brasileira e não tenho preconceito. Só não gosto muito é dessa música sertaneja que está aí, diluída. Aliás, tenho pavor.

Como foi sua experiência com a chamada Vanguarda Paulista?
Eu adorei. Foi um início de carreira com muita força. O Arrigo [Barnabé] foi quem me colocou na fogueira, me tirou o medo inicial. Eu era solista dos trabalhos dele e isso fez com que eu me descobrisse. Estava no palco, tinha responsabilidade e devia ter domínio do que estava fazendo.

Como se deu a mudança para outros estilos?
Eu sempre quis ser uma cantora nacional, sem rótulos. Sempre ouvi Wanderléia, Elis Regina, Gal Costa, as músicas do Tropicalismo. Quando fui para a USP, estudei música erudita e logo me enturmei com o pessoal. Aprendi muito com eles. Com o Arrigo, realizei meu primeiro trabalho profissional. Foi muito bom, mas precisava me arriscar em outras áreas e me firmar como cantora.

Como foi o trabalho de Diversões Não Eletrônicas?
Eu já tinha um disco só com músicas do Tom Jobim, com piano e orquestra. Estava casada com o Eduardo Gudin, que é um grande maestro e arranjador. Quis fazer essa homenagem aos arranjadores, desde os primeiros até os que estavam trabalhando. Escolhi uma música de cada maestro para o disco. E sempre é tempo de homenagear a nossa história.

Você escolhe para cantar as músicas em que sua voz fica melhor?
Mais ou menos. Na verdade, você gosta da música, canta bastante e vê se ficou boa. Sei que minha voz não combina com canções pesadas, rock. Não dá pra cantar. Sei que tenho a voz leve, delicada.

Quais os próximos projetos?
Não tenho a menor idéia! Este ainda está muito novo, será lançado agora e quero trabalhá-lo. Recebi elogios de pessoas que já ouviram e fico muito feliz com isso.

Pode contar como será o show?
Farei músicas do Clube da Esquina e algumas que já gravei. Estarei acompanha pelo Luiz Avellar, no piano, e pelo quarteto de cordas da Academia Paulista de Cordas.

Mais Vânia Bastos
Site oficial: Fica no www.vaniabastos.com.br

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