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Vitrine Viva: Tempo Perdido (ou Os cegos do Castelo)

HA,HA,HA,HA…sniff..HA,HA,HA…hu…HA,HA,HO,HO…Ha…ha…ha…Agora chega…mas… é hilário!…

Salve, gente, tudo certo?


Eu tentei, but it s fuckin hard, man! É absurdamente incrível como a gente lê coisas estranhas sobre o rock e o que algumas figuras que dele fazem parte, causam nas pessoas mesmo sem querer.

 

Devoção. Messianismo. Fé cega. Atire a primeira pedra quem nunca sentiu essas coisas como fã. Rock n Roll de verdade – e até de mentirinha – causa isso na gente. Afinal, rock é ideologia e conseqüentemente, religião também. Mas…péralá!! Isso tem limites e bom senso não faz mal a ninguém! E eu explico:

Alguns dias atrás, relendo algumas colunas do CENTRAL, me deparo com o texto de um rapaz (Leandro Ribeiro) que divaga sobre as agruras e o perigo da vida fácil que alguns “rock stars” e “pagode stars” tem de enfrentar nessa vida, louca vida…


Até aí, nada de mais. Só que, durante a leitura, me deparo com a afirmação seguinte: – Os Paralamas nunca representaram muito pra mim. Fora o fato de terem ajudado a Legião Urbana a se firmar, e estarem tendo o apoio de uns tempos pra cá do guitarrista mais importante do rock nacional, Dado Villa-Lobos(…) - !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Bom… agora, pra saber qual foi minha reação, volte para a primeira linha deste texto. Eu espero.


Sentiu? Cara, que absurdo isso! Dado Vila-Lobos, o guitarrista mais importante do rock nacional! …Ha,Ha,Ho…ops! Não! De novo não! Preciso me segurar!! 


Na boa, Leandro, você conhece:


Pepeu Gomes? Lanny Gordin? Sérgio Dias? Nuno Mindelis (certo, é angolano, mas…)? Wander Taffo? Luiz Carlini? E só pra citar alguns “oitentistas”: Zique(Nau)? Serginho Serra (Ultraje)? E o mais importante e reconhecido de todos, o grande Edgard Scandurra?


Veja, não quero criar brigas (talvez uma polêmicazinha… a gente tem que botar as idéias mesmo em movimento!), mas uma afirmação dessas precisa ser melhor analisada.


Sabe, uma coisa é dizer que a Legião foi a mais importante (para muitos) banda dos anos oitenta – e de toda a história do Rock brasileiro -, outra, é dizer que seu guitarrista teve alguma importância musical neste contexto todo. Gimme a break! O cara toca mal pracas! Me diga um só solo de guitarra memorável do Dado… ou um riffzinho…u ma base bem marcada. Unzinho só! Duvido que exista. É um feijão-com-arroz que não acaba mais.


A afirmação de meu colega me recorda uma frase do Ringo Starr: “Se os Beatles foram a maior banda do mundo e eu fui seu baterista, então eu sou o maior baterista do mundo!” Lógico que nesse caso, Ringo sabe de suas limitações musicais e debochadamente, fez essa simpática analogia. E é só dessa maneira que podemos ver a condição do Dado: Melhor por conseqüências obtusas, não por talento.


E é fácil ver isso. Pra saber se uma banda funciona mesmo como uma banda, imagine (no caso da Legião):

Dá pra imaginar a Legião sem o Dado? Dá.

Dá pra imaginar a Legião sem o Marcelo Bonfá? Dá.

Dá pra imaginar a Legião sem o Renato Rocha? Dá. E deu mesmo, tanto que não fez falta a ninguém quando deixou a banda.

Dá pra imaginar a Legião sem o Renato Russo? Bom, esse caso nem precisa responder, né? 

 

Essa devoção hipnótica que invade a mente de algumas pessoas pode causar essa cegueira, que faz afirmar pérolas de tal calibre.


Olha, eu acho a Legião sensacional, um caso romântico no rock nacional, de seu fim pra cá, não se viu, e dificilmente se verá, algo do tipo, mas o mal que ela causa nessa garotada está começando a preocupar. Estão fazendo exatamente o que o Renato não queria. Estão deixando de desconfiar. Estão acreditando em pessoas com mais de trinta -aliás nem precisa me ouvir, já que eu também passei dos trinta… -. Estão canonizando e se ajoelhando à imagens que não queriam isso. Estão transformando o Renato Russo num Jesus Cristo de segunda categoria e beatificando seus asseclas! E por culpa disso até fizeram o Marcelo Bonfá cometer aquele disco solo… 

 

Há pouco tempo, em outra coluna, disse que o problema era essa “endeusação” da geração 80, por falta (e vontade de procurar) de ídolos novos. Uma preguiça cultural dessa geração. Não que eles não mereçam, mas logo, logo, do jeito que anda, a próxima geração vai estar reverenciando como gênios, o CPM 22! Ai, meu Deus!!! Que mêda!

 

É véio, se deixar, a coisa não anda. Gostar de uma banda é o mesmo que gostar de um amigo. Se gosta, mas quando se tem algum erro ou defeito pra se apontar, não se deve hesitar: tem que se reconhecer os erros e limitações. Afinal, amigos sinceros são pra essas coisas. Isso não quer dizer que o foco da crítica em si não mereça sua admiração. Vamos pensar mais criteriosamente e deixar que o Papa em toda a sua infinita leviandade e engano, cometa suas santificações aleatórias. Parem de ser cegos. E surdos.

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