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The Hall: O que sobrou do Underworld

Nos anos 80, Karl Hyde e Rick Smith formaram uma banda de new wave chamada Freur, que lançou os discos Doot-Doot em 83 e Get Us Out Of Here em 85, mas que acabou logo em seguida. Hyde trabalhou como guitarrista para Debbie Harry e Prince, e se encontrou novamente com Smith em 88 para iniciar um projeto de industrial-funk chamado Underworld. Dessa forma gravaram os álbuns Underneath The Radar, em 88, e Change The Weather, em 89. Não tiveram sucesso nesse novo projeto e o grupo foi temporariamente desfeito.




Anos depois, os dois se juntaram novamente e escalaram o DJ Darren Emerson para fazer parte do grupo, inicialmente chamado Lemon Interrupt. Dois singles foram lançados nesse período (em 92), Dirty/Minneapolis e Bigmouth/Eclipse, pela Junior Boys Own Records. Voltando a atuar como Underworld em 93, as músicas “Rez” e “MMM… Skyscraper I Love You” viraram hits na cena eletrônica. Em vez de adicionar pequenos elementos de techno em uma composição de roupagem pop/rock, o Underworld fez do próprio techno a força predominante.



O álbum Dubnobasswithmyheadman, do mesmo ano, tornou-se indispensável para quem quiser entender a música eletrôncia dos anos 90 e ocupou lugar de destaque nas paradas britânicas da época. Mas o trio atingiu seu máximo de popularidade mesmo ao produzir um dos grandes hits da década passada, Born Slippy, tema do não menos importante filme escocês Trainspotting, de 96. O hit figura até hoje em festas grandes ou pequenas, marcando presença no case desde DJs iniciantes a gente como Norman Cook (Fatboy Slim), que colocou a música pra abrir seu último disco mixado, Live On Brighton Beach.



No ano seguinte, o Underworld apresentava o disco Second Toughest In The Infants, quase tão perfeito quanto o último e que explorava o boom dos breakbeats, como se nota na faixa principal, Pearls Girl. Em 99 era lançado o álbum Beacoup Fish, sem o mesmo vigor dos dois últimos mas com interessantes influências de jazz e levadas um pouco mais intimistas – exceção total feita a Moaner. Pouco tempo depois surgia Everything, Everything, tanto em CD como em DVD (este último obrigatório para qualquer bom acervo), que reúne trechos ao vivo da turnê de Beaucoup Fish, antes de Darren Emerson anunciar seu desligamento do grupo para levar adiante sua carreira como DJ.



E foi essa a questão mais inquietante durante o processo de produção de A Hundred Days Off, lançado oficialmente agora em setembro – os fãs do Underworld sentiriam falta de Emerson no novo trabalho? A resposta, depois de ouvir o disco, é sim, mas nem tanto como se imaginava. De fato toda a identidade do grupo ainda está lá, reconhecível à primeira nota, porém falta alguma coisa, um punch, uma ousadia a mais. Os três álbuns anteriores eram diferentes entre si, cada um seguindo uma linha específica dentro do techno/house que sempre deu forma às suas composições, ao passo que A Hundred Days Off segue bem a estética de Dubnobasswithmyheadman, embora não chegue à genialidade deste último.




O disco começa morno com Mo Move – vocais tranqüilos de Hyde e andamento não menos calmo. Logo caímos em Two Months Off, primeiro single a ser trabalhado pelo duo e um dos momentos mais alegres do disco, apesar de construído sobre uma base simples, um riff sintetizado que se repete com distorções de equalização. O vocoder agora entra em cena e Hyde dessa vez canta alto. Twist, a terceira faixa, é um house mais introspectivo, em que um piano dita o clima notadamente jazzy da música.



Em seguida vem Sola Sistim, bpms baixos, jeitão de trip-hop e vocal arrastado. Little Speaker, quinta do disco, é um tech-house minimalista – inicialmente – a la Josh Wink (em seus Profound Sounds), com direito a narração feminina durante a música. O álbum prossegue com duas faixas curtas, Trim, um electro-blues, e Ess Gee, basicamente um quase silencioso arranjo de cordas.



Aí chega Dinosaur Adventure 3D, a melhor do disco ao lado de Two Months Off. Techno tradicional, pulsante, evolutivo, com Hyde aparecendo na metade final. Ballet Lane aposta em uma espécie de improviso jazzístico que lembra St. Germain. E pra finalizar temos Luetin, house lento, hipnótico e de fácil digestão, dando a impressão de que poderia ser um lado B de Dubnobasswithmyheadman.



A Hundred Days Off pode não ser a maravilha que foi Second Toughest In The Infants ou Dubnobasswithmyheadman, mas não deixa de ser um dos lançamentos mais respeitados do ano. Embora não seja tão marcante quanto já foi há pelo menos cinco anos, o Underworld dá provas de que está vivo e disposto, mesmo que se reconheça que algo faz falta.



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Quem não tem Portishead caça com Beth Gibbons



Enquanto o interminável terceiro disco de estúdio do Portishead não sai, podemos disfarçar a ansiedade com o o primeiro CD solo de Beth Gibbons, vocalista da banda britânica, intitulado Out Of Season e previsto para ser lançado até o final deste ano. O disco foi gravado com Paul Webb, do Talk Talk, e o primeiro show de Gibbons já está marcado para o dia 16 de outubro em Londres.


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Shortlist Music Prize



Saíram os indicados para o Shortlist Music Prize, premiação americana para os melhores ábuns do ano (embora nem sempre o quesito “ano” seja rigorosamente seguido). Na primeira edição, em 2001, o Sigur Rós levou o primeiro lugar com o excelente Agaetis Byrjun. Agora em 2002 os concorrentes são:

Aphex Twin – Drukqs
Bjork – Vespertine
Cee-Lo – Cee-Lo Green and His Perfect Imperfections
DJ Shadow – The Private Press
NERD – In Search of…
The Avalanches – Since I Left You
The Doves – The Last Broadcast
The Flaming Lips – Yoshimi Battles the Pink Robots
The Hives – Veni Vidi Vicious
Zero 7 – Simple Things

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23 lançamentos de David Bowie



No próximo mês de novembro teremos uma nova coletânea dupla de David Bowie, chamada Best Of Bowie. A novidade está por conta das 23 edições diferentes do mesmo disco, uma para cada país, (obviamente) com tracklistings diferentes. Desconheço se haverá uma para nós, tupiniquins.


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Ouça a rádio Hall Of Mirrors: www.hallofmirrors.cjb.net

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