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Shows: abril recheado, só no Sesc Pompéia

Palco dos dois melhores festivais alternativos de São Paulo ano passado (Abril Pro Rock e Upload) e cheio de atrações interessantes esse mês, o Sesc Pompéia vem se firmando como o templo paulista da música alternativa. Só em abril, três datas com atrações diversas e interessantes estão marcando presença no local.


Em 2002, a Choperia do Sesc Pompéia abrigou o dia mais indie do braço paulista do festival Abril Pro Rock. Por lá tocou o ídolo Stephen Malkmus, ex-líder do renomado Pavement. Abrindo a noite, bons shows com as bandas nacionais Pullovers e Thee Butchers Orchestra.


No final do ano, o mesmo local foi palco do ótimo festival Upload, que contou com muito do que o cenário alternativo nacional tem de melhor. Leela, Valv e Cachorro Grande, cujo vocalista cantou com a cabeça sangrando após sofrer um acidente com a guitarra, fizeram a festa em três dias de casa lotada.


Para um ano ainda morno em termos de shows internacionais, pelo menos este mês de abril está tendo no Sesc Pompéia uma ótima alternativa para quem não dispensa uma boa banda tocando ao vivo quando o assunto é aproveitar a noite. Além das atrações musicais, a unidade do Sesc situada no bairro da Pompéia oferece um ambiente aconchegante para quem freqüenta o local.


No começo do mês, mais precisamente no dia 3, a Choperia recebeu os gaúchos do Bidê ou Balde. A banda deu um show interessante, mas que não merece ser muito levado a sério. Assim é o Bidê, uma banda para curtir na hora, cantar junto os singles e saborear belos covers, que (como constatado na última Fidelidade Alternativa) nesse show foram três: “Fell in Love With a Girl”, do White Stripes, “Song 2″, do Blur, e a já tradicional versão de “Buddy Holy”, do Weezer.


No último dia 10, o Sesc Pompéia recebeu três bandas: o quase desconhecido Detetives, o respeitado Forgotten Boys e o agora internacional Autoramas. O palco dessa vez foi o Teatro do local, e não a Choperia, fato que não interferiu em nada, pois o aconchego do lugar fica no seu ambiente externo. Biblioteca à disposição, boa organização e uma lanchonete bacana com preços em conta diferem muito do que normalmente é encontrado pela noite paulistana.


Abrindo a noite, a banda Detetives entrou mostrando um instrumental poderoso, prometendo um grande show. Infelizmente os rapazes não conseguiram manter o ritmo e, apesar de alguns grandes momentos, deram um show apenas médio. Os Detetives passeiam pela surf music com bastante influencia do rock dos anos 60, muitas vezes embalado por um vocal latino.


Depois o aclamado Forgotten Boys subir ao palco. Mostrando um hard rock muito bem feito, os garotos esquecidos levantaram o público não muito grande que compareceu ao local. Apesar da competência técnica e visual meio glan meio punk dos integrantes, parece que ainda falta um tempero para a música dessa promissora banda alternativa nacional.


Para fechar a noite foi a vez do Autoramas, que voltou recentemente de uma turnê japonesa ao lado do Guitar Wolf, tocar no Teatro do Sesc. Como de costume, Gabriel, Simone e Bacalhau esbanjaram entrosamento colocando o lugar para dançar ao som de hits do underground como “Fale Mal de Mim”, “Carinha Triste” e “Autodestruição”.


Marcelo Dylan Nova


Neste sábado (26) tem mais música de qualidade no Sesc Pompéia. Agora é a vez do rock mais tradicional, e de uma forma inédita. O músico Marcelo Nova, ex-líder do Camisa de Vênus, apresenta um show baseado no repertório de ninguém menos que Bob Dylan. Ainda haverá Carlos Carega interpretando Tom Waits.


Essas duas apresentações fazem parte do projeto alter ego, em que artistas tocam um repertório exclusivo com canções de seu ídolo mor. O último rockeiro brasileiro, como Marcelo Nova mesmo se auto-intitula, tocando Bob Dylan, é imperdível.


Curtas: Coluna Social (?!?)


Prova de que o Sesc Pompéia está se tornando o point (no bom sentido, por favor) paulista da música de qualidade é a constante presença de personalidades do meio no local. Só nas duas datas deste mês citadas no texto, o lugar abrigou novos artistas (pessoal do Ultramen, Thee Butchers Orchestra, …), figurinhas carimbadas do rock nacional (encontrei Marcelo Nova fazendo um lanche com a família) e jornalistas do meio (o “homem música alternativa” da Folha Lúcio Ribeiro, pessoal da Revista Zero).

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