Raízes: O Paradoxo dos Independentes
É incrível o sentido da palavra independente, quando se refere à música popular brasileira. Como o mercado musical no Brasil vem cada vez mais se voltando para produções comerciais, que na maioria das vezes não têm conteúdo, os artistas que resolvem fazer uma música de qualidade, na maioria das vezes, não conseguem ter suas produções descoberta pelo público.
E de quem é a culpa?
Como sempre, tem que haver um culpado. Eu assumo, o culpado sou eu! Sério, não fiquei louco. Eu poderia escrever muitos livros sobre os culpados da banalização da música brasileira, colocando a culpa na cultura, na perda de identidade política dos estudantes, década de 60, quando a juventude sofreu a repressão militar, e até nos políticos, que tinham que reprimir, de alguma forma, os intelectuais e formar uma geração decadente, destituída de qualquer senso crítico.
Mas não! Eu torno a afirmar que eu tenho toda culpa.
O chamado artista independente, que, por não seguir uma linha mercadológica, não consegue ter seu disco aceito por nenhuma gravadora, às vezes, passa toda a sua vida lutando para custear seu próprio disco. Alguns conseguem, outros não. Mas a vida vai indo e a nossa cultura inútil seguindo.
Sinto-me culpado. Culpado por muitas vezes não dar ouvidos a um artista, só por ele ser independente, culpado por não me dar a chance de escutar um som diferente, culpado por ser preconceituoso para com os nossos artistas. Enfim, culpado por ser brasileiro e não valorizar a nossa música.
No final das contas, dependentes somos nós, que dependemos da coragem dos nossos artistas independentes, que fazem uma ótima música independente da aceitação mercadológica. Dependemos da ousadia dos nossos artistas independentes. Sim, mas se a dependência for essa, todo o Brasil é dependente, e que a cada dia se torne mais e mais dependente.
Tornemo-nos dependentes!
Mas não sou só eu o culpado! Sinto-me como um grão de areia, em meio a um deserto de culpados…