Lusoafinidades: Imoral, ilegal ou engorda
Lembrei desse título, por causa de uma música do Léo Jaime com o mesmo nome, a propósito da aceitação do público em geral para novas tendências na música. Realmente parece que eles pensam que o que é novo é imoral, ilegal ou engorda. E só a anorexia cultural da nossa sociedade pode explicar a rejeição aos novos nomes da MPB brasileira no próprio Brasil. Aqui em Portugal, ainda não são conhecidos, mas a galera daqui está ávida por mais coisas de qualidade vindas do Brasil. E a Trama descobriu isso bem a tempo, com a realização de uma série de shows pela Europa para divulgarem os artistas da gravadora.
No dia 19 do mês de Outubro, a gravadora brasileira Trama veio a Portugal para mostrar ao público, e à indústria discográfica portuguesa novos valores, não do rock alternativo, mas da “MPB alternativa”. Nomes como Max de Castro, Wilson Simoninha, Mad Zoo, Jair Oliveira (o ex-Jairzinho), Patrícia Marx e Otto tocaram em Lisboa com o intuito de apresentar o seus próprios trabalhos e o belíssimo projeto da Trama como escultora e lapidadora de novos talentos da música brasileira.
Para quem não sabe a Trama nasceu em São Paulo em 1998 e sempre apostou na renovação e na fusão de estilos existentes com novas tendências do hip-hop, bossa-nova, samba, jazz, soul, e eletrônica. A gravadora tem valores sensacionais, que ainda não são conhecidos do público português em geral, com exceção de iniciativas de algumas rádios mais abertas à arte musical e não só preocupadas com o comércio da música. Max de Castro, na minha opinião um dos músicos com maior potencial no Brasil, trouxe o seu álbum Orchestra Klaxon, mas falando bem claramente, ninguém ainda conhece aqui em Portugal. É pena.
Uma coisa interessante é estarem na mesma gravadora, na mesma iniciativa, Jair Oliveira, o Jairzinho do antigo Balão Mágico, e Patrícia Marx, do antigo Trem da Alegria. Aqui tenho que fazer uma distinção. Gosto do trabalho do Jair Oliveira, mas a Patrícia Marx, mudou de visual, cresceu, mudou o nome, mas até hoje ainda não me convenceu das suas qualidades musicais e artísticas. Acho que para a Trama ter agarrado no projeto dela, deve ter algum valor, mas eu sinceramente ainda não vi nada. Também é uma pena.
Agoram, se querem mesmo saber de quem eu gosto, meus votos vão todos para o ex-percussionista da Nação Zumbi e do Mundo Livre S.A, o tão famoso e aclamado Otto. O homem lançou dois discos sensacionais e não perde a originalidade e talento, e felizmente, já é mais conhecido aqui em terras portuguesas, tanto o é, que ele foi convidado especial da apresentação dos outros artistas da Trama. Ainda bem. Outras paradas da gravadora nessa mini turnê pela Europa foram a Holanda, França, Áustria, Alemanha, Suíça e Itália.
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Quero aproveitar o espaço para agradecer a todos que mandaram mails pedindo informações sobre festivais aqui na Europa e que estão mandando demos de projetos pessoais, que estão sendo devidamente ouvidas e que brevemente serão tema de uma coluna aqui no Lusoafinidades, porque afinal, não são só brasileiros que lêem esta coluna. Continuem mandando mails, opiniões, sugestões, puxões de orelha, porque a gente está aqui para isso! Valeu mesmo, galera!