Fidelidade Alternativa: O poprock competente do Cranberries
Imagine uma carreira perfeita de uma banda de rock. Sim, existem vários tipos, e um deles seria o seguinte: o primeiro disco atingir sucesso mundial, nada megalomaníaco, mas que tocasse em boa parte do globo. O segundo conseguir o mesmo ou até um pouco mais de êxito, garantindo a realização de turnês internacionais e um respeitável engordamento da conta bancária dos integrantes. O terceiro álbum ter seu sucesso mais restrito, um pouco menor que os dois primeiro, afinal, já se atingiu um bom número de fãs fiéis.
Os próximos discos se restringirem a média execução nas rádios, mas serem consumidos ardorosamente pelos fanáticos do gênero trabalhado pelo grupo. Isso para proporcionar uma vida tranqüila, sem o exagero de badalação, mas com dinheiro suficiente para viver numa boa (ótima) e tocar a carreira pra frente. Seria interessante os discos saírem a cada dois anos, pra poder aproveitar tranqüilamente o ciclo estúdio – turnê – férias. Com dez anos de carreira daria para lançar uma coletânea dos singles com uma faixa inédita de trabalho muito boa. E ainda colocar no mercado uma edição especial deste disco com um CD bônus contendo várias gravações ao vivo, que seria um dos pontos fortes da banda.
Pois este é o resumo da carreira do Cranberries, banda irlandesa bacana surgida no começo da década de 90. Em 1992, eles lançaram o primeiro álbum, “Everybody Else Is Doing It, So Why Can t We?”, contendo as belas baladas “Dreams” e “Linger” – sucesso internacional. Sucesso que aumentou com o trabalho seguinte, “No Need To Argue”, principalmente pelas faixas “Zombie” e “Ode to My Family” – por onde os problemas pessoais da vocalista Dolores O Riordan varreram as paradas dos quatro cantos do mundo.
Pronto, acabara de aparecer a melhor coisa vinda da Irlanda pós U2. Depois do estouro, a banda continuou lançando seus discos, fazendo suas turnês, sempre mantendo a fidelidade sonora. Apesar de não ter mais ocupado a lista dos mais vendidos, o Cranberries vem comprovando seu dom em produzir ótimas baladas, como “When You re Gone” e “Just My Imagination”, assim como mostrou capacidade também em trabalhar com guitarras bem altas, a exemplo de “Salvation” e “New New York”.
Todas as músicas citadas neste texto enriquecem Stars – The Best Of Cranberries, a tal coletânea lançada para comemorar os dez anos de carreira. A faixa de trabalho é “Stars”, que na primeira audição parece uma guittar band muito bem produzida. Lembra da edição especial, limitada? Pois sim, ela traz cinco faixas ao vivo, onde por várias vezes Dorores deixa o microfone para o público soltar a voz. Destaque para as versões de “Ode To My Family” e “Animal Instinct”.
Num momento em que as paradas estão cheias de artistas que se perdem no pop descartável e deixam o rock de lado, o Cranberries é um bom exemplo de como fazer um pop rock de qualidade.
El Bloque caprichado
Semana passada eu estava dando uma passada pelos canais musicais da Directv e uma seqüência de clipes me chamou (muito) a atenção. Foi na MTV Latina, o programa El Bloque, semelhante ao Uá-Uá da nossa Music Television. Assim como o Uá-Uá, o El Bloque exibe clipes bacanas, lançamentos e boas velharias intercalado com bastante coisa que poderia ser extinta do rock, mas nessa edição a segunda parte não apareceu. A seqüência começou com o fino do novo rock e seguiu nessa ordem: White Stripes – “We re Going to Be Friends”, Strokes – “Last Nite”, Red Hot Chili Peppers – “By The Way”, Nirvana “You Know You re Right”, Vines – “Get Free”. Depois o peso se intensificou e a qualidade se manteve. A ordem foi a seguinte: Stone Temple Pillots – “Sex Type Thing”, Silverchair – “Whitout You”, Audioslave – “Cochise”, 3 Doors Down – “When I m Gone”, Metallica – “Sad But True”.
Mais listas interessantes
Para fechar o ciclo das listas de melhores do ano iniciado na edição passada desta coluna, mais algumas importantes. O site mais bacana da internet, o Nme.com, braço digital do semanário inglês New Music Express, apresentou em suas listas, como é de praxe da crítica inglesa, uma enxurrada de coisas novas. Aí estão os destaques de melhores músicas e discos de 2002, respectivamente.
1° There Goes The Fear, Doves
2° EP, Yeah Yeah Yeahs
3° Hate To Say I Told You So, The Hives
6° Fell In Love With A Girl, White Stripes
10° Get Free, The Vines
1° A Rush Of Blood To The Head, Coldplay
2° Hightly Envolved, The Vines
3° Original Pirate Material, The Streets
5° Black Rebel Motorcycle Club, BRMC
6° The Last Broadcast, Doves
Algumas rádios paulistas também elaboraram listas no finalzinho do ano passado. A 89 apresentou o ranking das 100 músicas mais pedidas de 2002. O pódio foi o seguinte:
1° My Sacrifice, Creed
2° Wherever You Will Go, The Calling
3° By The Way, Red Hot Chili Peppers
Já a segmentada Kiss FM colocou no ar os 500 maiores clássicos do rock de todos os tempos escolhidos pelos seus ouvintes. As primeiras posições ficaram dentro do esperado.
1° Stairway to Heaven, Led Zepelin
2° Bohemian Rhapsody, Queen
3° Smoke On The Water, Deep Purple
4° Hey Jude, Beatles
5° Wish You Were Here, Pink Floyd