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Fidelidade Alternativa: Dois novos super grupos de rock

O período entre o final de 2002 e início de 2003 marcou o lançamento de duas grandes bandas de rock n roll. Estou falando de Audioslave e Zwan, que possuem em comum integrantes com um currículo super respeitado. Como não poderia deixar de ser, o resultado foi o lançamento de dois ótimos discos.

O Audioslave é formado pelo antigo Rage Against The Machine, sem o vocalista Zack De La Rocha, mais Chris Cornell, ex-vocal do Soundgarden e do Temple Of The Dog. Se as raízes rap de De La Rocha as vezes prejudicavam um pouco o som do Rage Against, o Audioslave manteve o instrumental competente puxado pelo guitarrista Tom Morelo e ganhou uma voz mais encorpada, com raízes no grunge e no hard rock.

No final de 2002, a banda lançou o disco homônimo, que logo de cara ganhou um hit, “Cochise”. O álbum, além do peso esperado, traz também algumas baladas, influência do passado de Cornell. “I Am The Higway” e “Getway Car” são os melhores exemplos, onde belas levadas são abençoadas com um vocal melódico, feito por um dos melhores vocalistas da década de 90.

A festejada volta de Bily Corgan


Quando Bily Corgan decretou o fim do Smashing Pumpkins alegando não suportar a concorrência com as boy bands que estavam em evidência naquele momento (2000), ele deixou muitos órfãos. Depois de contribuir com o New Order e com a cantora Mariane Faithfull, e possivelmente morrer de felicidade com o naufrágio de suas desavenças boy bands, o músico montou o Zwan e passou a se apresentar esporadicamente ano passado.


Com a formação completa, que inclui o ex-Pumpkins Jimy Chamberlain na bateria, Matt Sweeney, ex Chavez, e David Pajo nas guitarras e Paz Lenchantin, ex A Perfect Circle, no baixo, o Zwan lançou o ótimo disco Mary Star Of The Sea no começinho de 2003. E Bily Corgan soube trabalhar muito bem com as pressões e expectativas causadas pelo seu êxito com o Smashing Pumpkins.


Mary Star of The Sea traz, sim, influência dos Pumpkins, mas definitivamente deixa o Zwan com um som original. Muita guitarra distorcida, ótimas baladas e vocais bem trabalhados compõe o rock refinado feito pela banda. A herança do ex-grupo abrange o melhor momento deste, principalmente com vestígios dos ótimos álbuns Siemese Dreams e Mellon Collie And The Infinite Sadness.

Os principais destaques do disco ficam para o primeiro single, a deliciosa “Honestly”, e para a música “Jesus, I – Mary Star of the Sea”, uma mistura de “Porcelina Of The Vast Ocean”, do disco Mellon Collie…, com as ambientações regadas à microfonia peculiares do Sonic Youth.

Tanto o Zwan quanto o Audioslave são atrações confirmadas em vários festivais de verão norte-americanos e europeus que acontecerão nos próximos meses. Infelizmente, nenhuma das duas bandas tem previsão de dar uma passada pela América do Sul.


Madrugada cinematográfica


Evento bacana e bem atípico aconteceu no último dia 25 de abril no Cinearte, em São Paulo. Parte do projeto para salvar salas tradicionais de cinema da cidade, que sofrem com a concorrência injusta frente às salas de shopping centers, o SOS Cinearte apresentou uma madrugada regada a boas atrações cinematográficas. Às 22:30h foi exibido o interessante “Tiros em Columbine”, forte retrato da influência da idolatração às armas na sociedade norte-americana. O documentário ganhou o Oscar e foi marcado pelo discurso anti-Bush durante a cerimônia do cineasta Michael Moore, que, a propósito, está perfeito em sua atuação meia Jô Soares, meia Tim Lopes.

Em seguida, foi exibido o chinês “Bicicletas de Pequim” e o argentino “Katchatka”, mas a principal atração ficou para o final, quase na manhã de sábado. Às 4:30h da madrugada o Cinearte exibiu o já comentado por aqui “24 Hours Party People” (“A Festa Nunca Termina”). O filme, que conta a história do cenário pós punk de Manchester, havia sido exibido em São Paulo apenas uma vez, na Mostra Internacional do ano passado, com ingressos esgotados várias horas antes da exibição. Mostrando a trajetória de bandas como Joy Division e Happy Mondays, sempre centrados no selo Factory e no clube Hacienda, “24 Hours” é imperdível para quem gosta de rock inglês e quer entender o que rolava por lá nos idos dos anos 80.



Silverchair em São Paulo


Finalmente São Paulo vai receber a primeira atração internacional interessante em 2003. Semana que vem os australianos do Silverchair se apresentam no palco do Credicard Hall para mostrar a turnê do último disco dos caras, Diorama.

Muitos podem acusar o Silverchair de ser um clone das principais bandas do movimento grunge em época e lugar errados, mas, dos muitos grupos pós-grunge que apareceram na década de 90, eles estão entre os dois melhores. É verdade que não trazem mais aquele punch de quando apareceram para o mundo com o disco “Frogstomp”, e estavam apenas saindo da adolescência, mas o Silverchair continua fazendo um som de qualidade. Sim, os garotos cresceram, a banda amadureceu e o som ficou mais trabalhado, mais melódico, o que tem seus pontos negativos e positivos.


O disco Neon Ballroon, de 1999, alcançou um sucesso estrondoso no mundo inteiro com músicas como “Ana s Song” e “Miss You Love”, o que trouxe os caras para tocarem na última noite do Rock in Rio III. Ano passado não foi um ano bom para a banda. Apesar de lançar o bom “Diorama”, que não foi tão bem recebido pelo público quanto o disco anterior, o vocalista Daniel John sofreu com uma rara doença nos ossos que o fez ficar de cama por boa parte do ano. Com Daniel recuperado, o Silverchair finalmente saiu em turnê para divulgar Diorama, e nós brasileiros vamos ser os primeiros no mundo a ver esse show depois, claro, de seu país natal. Antes da apresentação do dia 15 em São Paulo, a banda toca nos dias 9 em Recife, 11 em Belo Horizonte e 14 no Rio de Janeiro.


Paralamas abrem projeto interessante


Teve início no último domingo com show dos Paralamas do Sucesso o projeto Rock Cidadania, parceria da rádio 89 FM com a Prefeitura de São Paulo. O Rock Cidadania realizará uma série de shows gratuitos pela cidade com o intuito de apresentar o trabalho de várias ONGs aos jovens paulistas.


Apesar de eu não ser muito fã da banda brasiliense (e criticar a extrema atenção dada pela mídia ao grupo após o acidente do vocalista), foi bem legal ver o Herbert Vianna em ação depois de tudo que aconteceu. Na parte musical o show foi interessante. Com um repertório calcado em sucessos, os Paralamas levantaram as cerca de 30 mil pessoas que compareceram à  Praça Charles Miller. Destaque para “Seguindo Estrelas”, novo single do grupo, que mostrou funcionar muito bem ao vivo. Faz tempo que a banda não lança uma música tão legal quanto esta. O encerramento com “Que País É Este”, da Legião Urbana, foi um dos grandes momentos da apresentação.

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