Sana Inside » 'Dando Errado: O grande erro'

Dando Errado: O grande erro

       Ultimamente andei pensando muito sobre o que deixa um artista, que talvez até pudesse ser legalzinho, se tornar um chato de mão cheia. Depois que um amigo emitiu um singelo comentário sobre o Supla, conclui o seguinte: o que transforma alguém numa pessoa insuportável é a pretensão de querer ser levado a sério.


      Estávamos eu, o já citado amigo e sua namorada num barzinho daqui de Goiânia, quando falei que estava baixando umas músicas no Napster para fazer um CD exclusivo do Supla. O cara falou o seguinte: “Eu vejo muito mais podreira e considero o Supla bem pior do que você pensa. Isso por que ele não fez aquilo para estar nos Piores Clipes do Mundo e muito menos para ser trash. Ele faz tudo para ser sério”. Pronto, matou a questão!


     Eu sempre achei muita graça de Green Hair e Business. Afinal de contas, rimar média com comédia e colocar na música uma estrofe do naipe de “la-ri-la, if you know what I mean”, só pode ser para fazer graça. Mas não é que o Billy Idol brazuca não pensa assim?


      Ele acredita piamente em “qualidades intrínsecas” do seu trabalho. O tanto que, antes de perceber o quanto isso seria bom para sua já bem combalida carreira, Supla queria tirar satisfações com o Marcos Mion por causa de suas freqüentes aparições no tal programinha da MTV.


      Outro cara que poderia ser bem mais legal se não se levasse tão a sério é o Lobão. Pô, o cara é massa, a idéia do CD na banca de revista foi demais, a dos álbuns numerados idem, mas, precisa se achar tão bom, culto e importante? Creio que não!


      Agindo dessa forma, o cara está se transformando numa espécie de João Gilberto dos anos 80. Ele é quem reclama de tudo, fala de tudo e não se toca que na verdade é um completo chato. O discurso dele fica semelhante ao de um pastor catequizando, tipo “sigam-me, pois EU estou no caminho do bem, EU sou da MPB, EU não sou bundão” e por aí vai.


      Se existe alguém que escreve coisas legais sem se tornar pretensioso é o Roger do Ultraje a Rigor. Músicas que têm um fundo sério como Inútil, Mim quer tocar, Sexo! e Pelado, são recheadas de ironia e bom humor. Ah, se eu fosse homem trata do machismo de uma forma interessantíssima e aparentemente é uma letra sobre pequenas gracinhas do cotidiano.


      Além disso, sua postura é extremamente escrachada. O chamaram para bater umas fotos para uma revista gay, ele foi lá e tirou a roupa. Sem problemas com as possíveis patrulhas ideológicas que pudessem ser feitas.


      Isso é rock’ n’ roll! Noel Gallagher disse certa vez que a função do rock é divertir o músico e proporcionar diversão ao público. Ponto final. Rock sério fica adulto! E rock sem espírito juvenil é um grande pé no saco!

© 2008 Powered by WordPress