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Coluna Raízes: O Samba Sou Eu?

O Carnaval chegando, a galera toda animada para entrar na folia, o samba rolando solto e carnavalização entra em ação. Mas será que sabemos o que significa a verdadeira carnavalização?

A carnavalização que achamos conhecer, na verdade, se dá ao nível mais intrínseco possível e coberto por uma máscara para que o povo não enxergue o verdadeiro sentido do carnaval. A teoria é a seguinte: Sendo o carnaval a festa da carne, neste período, tudo é liberado. É o momento do ano que o povo liberta toda a sua fantasia, fazendo tudo aquilo que não é permito pelas regras “nobres” da sociedade. Então neste traço de tempo há uma, ilusória, união de classes, onde o intelectual dança com os subalternos e vice e versa.


Também há uma teoria muito lógica e interessante do filólogo Bahktin, que diz ser o carnaval uma válvula de escape para as classes desprivilegiadas. Bahktin diz que o carnaval é um período onde a classe dominante faz com que os dominados se sintam no poder, para assim extravasar suas emoções e aceitar, no resto do ano, o domínio.


E o samba, onde entra nessa história?


Sendo o samba uma forma de expressão dos negros, tendo sua origem afro-baiana, este ritmo sempre foi cantado por negros nos terreiros, onde se dançava capoeira e se davam às umbigadas, semba no dialeto africano, uma espécie de dança onde duas pessoas encostavam os seus ventres e faziam uma espécie ginga. Nesta época o samba era tido como “coisa de marginal” e era reprimido pela polícia.


Só depois a classe dominante resolveu aceitar o samba como forma de expressão cultural. Mas até chegar a este ponto muito do samba-raíz foi perdido, ocorrendo uma forma de perda de identidade no verdadeiro sentido do samba.


A criação dos sambas-enredo, foi uma forma das classes dominantes controlar o conteúdo das músicas, que faziam críticas  a sociedade como um todo. Para vocês terem uma idéias, no período do Estado Novo, só se podia fazer sambas-enredo com temas ufanistas.


E mais uma vez a nossa sociedade conseguiu transformar a nossa raiz em um produto mercadológico. Hoje em dia, em vez do carnaval e o samba serem feitos para agradar aos foliões e sambistas, que fazem a festa, ele é feito para agradar aos turistas que vêm assistir a um pseudo-espetáculo…


Agora eu volto a perguntar.


O Samba Sou Eu?

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