Coluna Magirus: O Retorno do Rei
Sempre que um título como este aparece numa revista, jornal ou seja lá qual for o veículo, muitos imediatamente são remetidos a Roberto Carlos ou Elvis Presley — mérito do mundo consumista. Hoje, com a mania de O Senhor dos Anéis, fãs de Tolkien e da saga poderiam ter imaginado que este artigo seria sobre a próxima seqüência do filme, marcada para estrear no final de 2003.
Mas o rei de que falo é outro. E ele não vive na Terra Média, mas sim na Terra do Nunca. Como Peter Pan, ele deseja permanecer criança para a eternidade. Deseja voar, atingir novos horizontes e ainda assim manter a juventude. Quem não gostaria? Isso parece algo bem normal, não? Pois bem, mas a criança em questão está longe de ser considerada um ser normal. Eu falo de Michael Joseph Jackson. O negro-branco. O homem-mulher. O adulto-criança. O mito vivo.
Depois de demonstrar que não está falido e muito menos vulnerável ao ter o poder de afastar o poderoso chefão de sua própria gravadora — Tommy Mottola, a quem já se referiu como “diabo” — Michael parece estar mais uma vez aprontando uma “volta”. O engraçado é que é assim que a imprensa costuma chamar cada novo trabalho dele.
Talvez pelo grande espaço de tempo entre cada um de seus lançamentos. Talvez pela incerteza de que ele ainda possa resgatar seu sucesso. O caso é que todo novo projeto de Michael Jackson é sempre um assunto certeiro para entrar nas pautas dos principais jornais — incluindo os tablóides — do mundo todo. Após a sacanagem que foi a promoção do seu contemplável último disco — intitulado Invincible —, rádios e meios de comunicação impressa já ficaram antenados ao que produtores chamam de “a verdadeira volta do rei do pop”. O próprio Michael afirmava, quando do lançamento do último álbum no ano de 2001, que haveriam faixas melhores fora do disco.
Atualmente esta história parece fazer sentido, visto que “Xscape” — uma dessas canções que não figuraram entre as 16 de Invincible — vazou misteriosamente na internet por pelo menos dois dias e, inclusive, já teve a transmissão de um trecho na rádio Transamérica no último fim de semana. A minha reação ao ouví-lo pode ser muito bem descrita no título deste mesmo artigo. Por exigência dos acessores do megastar, a faixa foi proibida na rede, o que tem mobilizado sites e fã clubes do cantor a lutarem pela causa.
O auge da carreira de Michael Jackson, em termos de vendas, foi indiscutivelmente Thriller. Depois veio Bad, acompanhada de uma recordista turnê mundial, e Dangerous, o meu favorito no gênero pop. A sonoridade deste último é o que parece ter sido resgatado com “Xscape” e, se Deus quiser, com o futuro projeto que o acompanha.
Vimos nos últimos anos diversos grupos e artistas fazendo exatamente o que Michael fez em Dangerous. Como eu sou de preservar o original, para mim só o próprio me tira da cadeira e me faz cantarolar enquanto batuco meus dedos em alguma superfície. É tão mais natural ouví-lo fazendo aquilo que ele mesmo criou que quase esquecemos de todas as barbaridades de que já foi acusado. O meu objetivo nesta coluna não é entrar na vida particular dos artistas, pois isso é do interesse unicamente deles. A minha base aqui está justamente no fator musical, pois é disso que o site se trata.
Ao me encaminhar ao final deste artigo, gostaria de agradecer aos que me mandam e-mails com elogios, críticas ou sugestões — como a da Adriane, que agora está sendo concretizada — e incentivar os que não o fazem a deixarem seu recado no fórum do Central. Sempre leio o que escrevem lá, portanto, sintam-se livres em postar algo para mim. Até a próxima!