Coluna Magirus: Hard rock. Vivo ou morto?
A década de 80 viu uma explosão no ramo musical. Gravadoras cresciam, a MTV estreava e o rock se popularizava como o gênero musical mais influente daqueles tempos. Bandas como Van Halen, Aerosmith, Guns N´ Roses, Bon Jovi e Def Leppard estavam no auge de suas carreiras e desfilavam uma coleção certeira de hits nas mesmas paradas hoje infestadas pelo pop “descartável”. Era a época dos hinos. Uma mistura de heavy metal com blues rock. Era o chamado hard rock que estava se consagrando mundialmente.
Só para efeitos de comparação, o hard rock é alto, tem guitarras pesadas, mas não é tão pesado quanto o heavy metal. O hard rock geralmente soa grandeoso, com riffs de guitarra para estádios, refrões que são verdadeiros hinos e batidas fortes e empolgantes. Ele geralmente tende a ter um apêlo comercial e costumava tratar de um certo machismo em suas letras. Pode ser meio difícil de diferenciá-lo do heavy metal em alguns casos, mas a distinção básica é que desde o Black Sabbath o metal tende a ser mais obscuro e ameaçador, enquanto o hard rock na maioria das vezes mantém-se exuberante e com aquele ar de música para festas. Enquanto os riffs de metal usualmente funcionam como melodias auto-suficientes, os de hard rock tendem a esboçar progressões de acordes em “hooks” de muito efeito e, diga-se de passagem, muito mais criativos.
As influências deste gênero são as mais diversas, indo da genialidade psicodélica de Jimi Hendrix ao rock embreagado dos Rolling Stones. Mas na minha franca opinião o grande “culpado” dessa história toda, na verdade, foi o Led Zeppelin, cujo blues rock bem estruturado fugia um pouco do que estava sendo feito na sua época e viria, mais tarde, a dar origem a diversas outras bandas seguidoras. Um caso bem famoso é o Aerosmith, uma das poucas bandas de hard rock sobreviventes no mundo. Os australianos do AC/DC e os americanos do Van Halen também mantiveram-se fiéis mesmo com o tempo, não caindo nas tentações do pop e do punk rock dos 90.
O que se percebe é que a indústria agora está voltada a um novo conceito musical. Cabelos compridos e roupas rasgadas não fazem mais a cabeça do grande público, embora tenha se tornado “cool”. Quebrar guitarras não é mais ritual de bandas de rock pesado – vide Avril Lavigne e afins. Toda a magia do rock do passado parece estar perdida. Mas o mito não. O mito diz que o rock morreu só para que ele volte de surpreza. O rock está aí, travestido de Foo Fighters, Oasis, U2 e outros. Mas o hard rock está esquecido há um bom tempo já. Será que ele volta? Isso tem a ver com criatividade, o que nos remete ao tema do meu último artigo aqui nesta coluna. Hard rock é sinônimo de imaginação, invenção. É isso que está faltando. Nada parece ser tão empolgante do que o som dos tempos áureos o qual só podemos contemplar agora através de filmes, seriados e discos daquela época.
Está na hora de uma revolução no mundo do hard rock. Alguém tem que fazer isso, nem que o gênero seja ressucitado em forma de rock e travestido de pop. Foi essa a roupagem que o deram há duas décadas. Velhas fórmulas, novos conceitos. Fico aqui torcendo por isso, enquanto assimilo a razão de tantos Creeds e The Callings no dial do meu radinho.