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Coluna Magirus: A clonagem na história da música

Já dizia um grande sábio contemporâneo: “nada se cria, tudo se copia”. Pois é, ele estava certo. Na verdade parcialmente certo, já que prefiro a idéia original de Lavoisier. O que o som das boybands de hoje tem a ver com a eterna boyband do passado – os Beatles? E o de Elvis Presley com Chuck Berry? Bom, amigos, foram através de transformações – eis a palavra – que a música foi se desenvolvendo ao que ela é hoje. E foi no meio de tantos “mesmismos” que surgiram grandes ídolos mundiais. Culpá-los? Pra quê? Todos nós plagiamos alguma coisa na vida.


Não é de hoje o fato de que a música mainstream é questionada por sua real riqueza musical e cultural. Isso tem sido desenvolvido por muitos anos, desde os “plágios” escrachados do rock sessentista até a enxurrada pop que vivemos hoje graças às revoluções tecnológicas, fusão de selos e empresas fonográficas e ao absurdo sucesso de alguns ícones.


Poderíamos tentar resolver esta dúvida de qualidade através de uma simples equação matemática que soma originalidade musical e “feeling”, que multiplica isso pelo percentual de aprovação dentro de um público heterogêneo e divide o resultado pelo inverso do talento real do artista. Mas isso é um absurdo, visto que a música é muito mais do que uma notação exata. Na verdade ela carrega bem mais a parte humana, responsável pela articulação de idéias, criação de melodias e harmonias, letras e assim por diante. Tanto é que o que eu posso considerar boa música pode não ser bom para você e, como dizem os clichês, vice-versa.


O processo de composição devia ser comparado ao nascimento de uma criança. Deve-se dar muita atenção e carinho a ele. Não existe uma fórmula para tal, entretanto. São raras as músicas realmente criativas hoje em dia e mesmo elas possuem uma “base” de inspiração. Todo o músico que se preze possui influências e são elas que o canalizam ao produto final de suas obras. É muito mais fácil criar uma música colando acordes de outras do que se matar para encontrar um acorde louco e original. As batidas do rhythm and blues de hoje não são as mesmos de antigamente e é aí que reside a metamorfose musical.


No início, tudo estava centrado basicamente no blues. Dele surgiu, dentre outros, o rock, do qual nasceram diversos subgêneros e isso continua até hoje sem previsão de parar. Para quem está ligado no mundo do heavy metal é comum deparar-se com classificações tão mirabolantes como doom, trash, mellodic, progressive e assim por diante. Estereótipos a parte, quero deixar claro que a clonagem controlada, ou seja, a “metamorfose musical” é o caminho. É uma pena que são poucos os artistas e bandas que possuem realmente o dom criativo e que estejam em um lugar ao sol. A minha dica, se você é músico, seria: não tenha medo de cair na clonagem, use-a como forma de aprimorar as suas músicas mas não ouse escancará-la. Disse Einstein: “O segredo da criatividade é saber esconder as suas fontes” ;)

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