Coluna Lusoafinidades: Mistura de tribos
Bom, depois de merecidas férias, volto com algumas novidades. Aliás, a principal delas diz respeito ao assunto da minha última coluna aqui no Central, os festivais de Verão.
Lembro da época em que o Rock in Rio era no Rio de Janeiro e tinha rock. Agora é só no Rio, porque com Britney Spears e N Sync, não há rock, ou melhor, não há Música (com M maiúsculo) que aguente.
Nesse tempo, em cada dia do festival, era um dia específico para um estilo de música e com certeza o leitor se lembra disso. Não havia misturas de gêneros para evitar grandes confusões entre as tribos. E as coisas até que rolaram numa boa.
Aqui por terras lusas, os festivais misturam todas as tribos em todos os dias num clima legal de harmonia e confraternização, que se une ao ambiente de acampamento, estilo Woodstock.
Mas esse ano, num dos festivais, o da Ilha do Ermal, um dos convidados principais era o NickelBack, uma das bandas-sensação do momento, com sucessos tocando em todas as rádios. A expectativa era grande. Chamadas publicitárias do festival em revistas e rádios de todo o país. Agora você me pergunta: e o que aconteceu?
Aconteceu que eles não ficaram nem 15 minutos no palco, porque simplesmente começaram a atirar pedras nos caras da banda. Eles até resistiram por algum tempo, mas vamos concordar que dar um show com uma chuva de pedras não é um ambiente adequado. Pelas informações que foram divulgadas na imprensa, tudo começou com alguns fãs do Slipknot que atiraram as primeiras pedras. E como todos sabem, em uma plateia de 10 mil pessoas, bastam 10 para estragar qualquer bom ambiente que poderia haver por ali.
Conheço gente que é fã de todos os estilos de música, incluindo a mais pesada, e sei que não é comportamento da maioria das pessoas, mas uma única má atitude estraga a imagem de todos. A organização do Festival da ilha do Ermal tinha (e acho que ainda tem), esperanças de se tornar num evento de referência no panorama rock português. Mas esses lamentáveis acontecimentos mancharam a imagem do festival esse ano.
Talvez no ano que vem a organização deste e de outros festivais pense duas vezes antes de misturar bandas para também não misturar tribos. Isso é uma pena, porque aquele ambiente de união de fãs de várias bandas, de estilos, roupas e caras, fazia grande diferença em relação aos grandes eventos cada vez mais massificados e globalizados. Mas parece que tem gente que prefere ficar sozinho… paciência.