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Coluna Feedback: “Aos sábios o que é dos sábios”

O local era uma tendinha armada numa praia de uma cidade cheia de praias, contrastando com os grandes teatros e opera houses européias. Apesar disso, o assunto era o mesmo e interessou bastante a platéia, nem tão numerosa assim.


A palestra ministrada pelas professoras Clarice Mello e Liana Justus, trouxe noções claras e concisas de aspectos essenciais da música clássica, que por razões mercadológicas não é acessível à muitos, geralmente público das rádios populares. Noções que todos deveriam ter, até porque se padronizou que a opção pessoal a respeito do que escutar, deve ser feita sem informação, já que o número de completamente leigos sobre música clássica é maior que se imagina. Com o objetivo informativo e introdução a um conteúdo cultural vamos relembrar os melhores momentos:


1) Uma ópera é combinação de Arte Canção e Drama Narrativo: Teve inicio na Itália, onde a língua é sonora e rítmica e tem como seu “fundador oficial” Claudio Monteverdi, cuja primeira ópera foi “Orfeu”, em 1607.


Os elementos que caracterizam uma ópera são:
Abertura: trechos puramente instrumentais, tocados antes do início da ópera.
Recitativo: Passagens curtas ou longas escritas em estilo de declaração altamente dramático.
Ária: uma forma de canção independente e completa. Tem como principal objetivo transmitir emoção aos personagens, compondo reflexões sobre os aspectos morais, filosóficos e religiosos da obra.


2) Alguns mestres de óperas: Os italianos Rossini, Donizetti, Verdi, Puccini, o alemão Wagner e o francês Bizet são nomes essenciais, sem eles a história da ópera não teria existido. Mozart porém, foi o mestre maior. Suas obras “Flauta Mágica” e “Don Giovanni”
são até hoje marcos do reino do classicismo.


3) O que é uma opereta: espetáculos que tratam a vida e o amor de forma ligeira e humorística. É a chamada “ópera cômica” , que surgiu no século XIX, sendo inspiradora da “ópera-rock”. A primeira opereta encenada chamou-se “Orfeu no Inferno”, em Paris, em 1858. Viena, onde o estilo foi inaugurado em 1860, também foi palco consagrado da interpretação do estilo.


4) Algumas das óperas mais encenadas de todos os tempos:


A Flauta Mágica: obra de Mozart, teve sua primeira apresentação em Viena, em setembro de 1791. Conta a história de Tamiso, que decide salvar a filha da rainha da noite (chamada Pamina) das mãos de Sarasto, com a ajuda da flauta mágica. Ao fim acaba convencido de que Sarasto é na verdade um sacerdote dotado de benevolência e acabam por entrar para sua ordem, enquanto a rainha da noite é derrotada pelo brilho do sol.


Don Giovanni: também escrita por Mozart, narra as aventuras amorosas de Don Giovanni, auxiliado por seu criado Leporello.


La Traviatta: escrita por Verdi, tem como temática a história de amor entre uma cortesã parisiense (Violeta) e um nobre. Os dois partem juntos para o campo, porém a pedido do pai dele, ela o abandona. Ao fim da trama os dois se reconciliam pouco antes dela morrer de tuberculose.


Madame Butterfly: esta ópera de Pucinni teve sua primeira apresentação em fevereiro de 1904. Conta à história de um tenente americano estacionado no Japão que vive casado com uma jovem gueixa, conhecida como Butterfly. Porém ele voltara para sua terra e tempos depois sua esposa vai ao Japão providenciar a adoção do filho que ele teve com Butterfly, que não suporta a dor e se suicida.


Carmen: escrita por Bizet, é a denominada “popular entre as populares”. Carmen é o nome personagem protagonista, uma cigana por quem um soldado íntegro se apaixona, por quem ele abandona tudo e que o deixa por um toureiro. Indignado, ele a assassina.


O Barbeiro de Sevilha: encenada primeiramente em 1918, a obra de Rossini é leve e descontraída. Narra os estratagemas do barbeiro de Sevilha, para ajudar o Conde de Almaviva a conquistar o amor de uma moça severamente vigiada por seu tutor, que quer casar-se com ela.


Fausto: ópera de Gounod e libreto baseado na primeira parte do Fausto de Goethe. Narra a saga de Fausto, jovem erudito alemão que vende sua alma a Lúcifer em troca da volta a juventude.


Esta curtíssima introdução à arte musical clássica pode ser complementada pela leitura de livros como o próprio “Formação de Platéia em Música”, das professoras mencionadas acima, por pesquisas na internet ou simplesmente pela visita às inúmeras e soberbas apresentações de arte erudita dentro e fora do país. A primeira providência de um público musicalmente maduro é não ter o preconceito de considerar um estilo elitista.
 
O estilo clássico, as óperas, operetas, orquestras sinfônicas e filarmônicas e adjacências fazem parte da história e nas entrelinhas narram singularidades de uma sociedade da qual todos fazem parte, uma vez que aldeia global é a mesma. Já que nada sem conteúdo perdura por séculos, deve-se dar a “Bach e companhia limitada” o que a eles pertence, ou seja o respeito, a admiração e o prestígio merecidos aos sábios.


Gabriela Cuzzuol é colunista do Central da Música, tem 22 anos a acredita que óperas e ballets são algumas das mais completas manifestações artísticas da humanidade.

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