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Boataria: A volta dos que estão sempre indo

Já não causa mais espanto a volta de qualquer banda cuja extinção trouxe tristeza aos seus fãs. Reatar amizades perdidas pelo tempo ou pela língua para reviver tempos roqueiros é moda.

 

A ressurreição, apesar de manjada, às vezes é boa. Quem seria contra a volta dos Stooges? São trinta anos de intervalo entre o início e o reinício. Milhares de substâncias já passaram pelas veias calejadas de Iggy Pop nesse meio tempo, mas mesmo assim o cara ainda parece em forma (do quê?).

 

O New Order é outro agrupado de gente boa que fez bem em reafinar os intrumentos. Caso raro, os pupilos de Manchester têm lançado novos hits em vez de se agarrarem na excelente produção dos anos 80. Mas nem todo mundo consegue essa façanha.

 

Conhece aquele quarteto de hard rock chamado Montley Crue? Lembro do vocalista Vince Neil falando para a MTV, em meados dos anos 90, que jamais sairia da banda porque eles eram uma família. Ora, ora, não demorou muito, os integrantes do MC se divorciaram.

 

Depois da poeira baixar, a trupe hard roqueira levantou o mindinho e fez as pazes. Lançaram qualquer coisa, conseguiram um mínimo de holofote e voltaram para o pó.

 

Até os Doors, embora o vocalista semideus tenha batido com as 10, cogitou em voltar. É óbvio que uma ressurreição capenga dessas mais pareçe banda cover dos Doors do que, efetivamente, testemunhas ativas do passado glorioso deles.

 

Assim, em muitos casos, seria de ótimo tom os ex-integrantes de qualquer conjunto assinarem uma carta compromisso registrada em cartório com as seguintes linhas:

 

 

(se o vocalista morreu de overdose)

 

Fãs,

 

concordamos expressamente que o grupo *****, do qual fazemos parte, deva interromper o trabalho para todo o sempre. Esgotamos nossa criatividade, que era meia-boca, vendemos um bocado de discos e nos apresentamos pra milhões de pessoas.

 

Na verdade, a criatividade vinha do compositor e mentor do grupo, mas, infelizmente, ele afogou as mágoas em comprimidos tranquilizantes que o tranquilizaram por demais da conta.

 

Confessamos nossa incompetência musical para prosseguir. Temos planos menos pretensiosos para nossas vidas e temos certeza de que vocês não irão perder nada com isso.

 

Atenciosamente, baterista, guitarrista e baixista do grupo *****.

 

(para grupos que apenas se desfizeram)

 

O John é um inescrupuloso. Imaginem que ele transou com a minha namorada após embriagar-se com Jack Daniel´s. É a terceira vez que isso acontece.

 

Lee, o guitarrista, não quer mais saber de tocar. Hoje em dia, procura atingir a supremacia espiritual, também conhecida como nirvana, nos alpes usbeques.

 

Roover, o baterista cheiradão, anda numas bem família. Sua noiva, a Claire, insistiu e eles vão casar. Até aí, normal. O que nos ferra é que ele quer morar na costa oeste por causa dos pais dela.

 

Por toda essa sacanagem, vamos acabar com a banda. Vocês, fãs, terão um repertório de músicas inéditas pra adquirir nas três próximas festas de Natal (Tudo já foi combinado com a gravadora). De resto, alguns discos ao vivo devem dar a sensaçao de que a gente ainda toca por aí. No entanto, jamais a gente volta a tocar junto, como certifico e dou fé neste documento.

 

Atenciosamente, PKD, vocalista do ****

 

Também assinam os outros membros do grupo…

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