Blog: O Fim do Mundo não perdoa Supla
Esses punks xiitas são dose, viu. Não estou defendendo o punk-de-butique loiro oxigenado, mas o que aconteceu sábado no festival “O Fim do Mundo”, em São Paulo, mostra que muita gente (não estou generalizando, tá?) que ouve punk/hardcore não tem nada na cabeça mesmo. Do que estou falando? Bem, tú sabe que o Supla (assim como o João Gordo) é chamado pela turma, digamos, “engajada”, de “traidor do movimento punk”, não sabe? Então, sábado o filho da prefeita (que a propósito, lança CD novo nesse mês), resolveu comparecer ao tal evento pra assistir ao show de uma banda de amigos, a Agrotóxico. De cara atiraram uma garrafa de vidro nele, que não foi atingido. Depois, a galera, “furiosa”, começou a xingar o cara e parece até que tentaram agredi-lo fisicamente. Felizmente (para a “imagem” da cena punk/hardcore) a situação foi contornada, com os shows transcorrendo tranquilamente e o Supla assistindo tudo de trás do palco, cercado por PMs.
Depois do rebú, o cara comentou os acontecimentos: “Realmente não me incomodo com essas pessoas. Esses caras não sabem que o punk, da maneira como eles encaram, foi criado numa jogada de marketing… Que essas roupas que eles usam foram inventadas pela (estilista britânica) Vivienne Westwood que hoje é uma das mulheres mais ricas do planeta. Tentei falar com eles, mas eles não quiseram escutar. Imagine se o (João) Gordo aparecesse aqui… Iam querer matar o cara… Tenho personalidade, sou o que sou e não tô nem aí”, concluiu o roqueiro.
A respeito desse tema (se Supla é punk ou não, o marketing no movimento, etc), sugiro a leitura de dois textos publicados aqui na Central da Música: “Movimento punk? Que movimento?”, do Leandro Ribeiro, que não é punk mas que se posicionou de uma maneira (a meu ver) mais radical; e “O punk, a contestação e a consciência”, do Michel Faúza. Particularmente, concordo plenamente com o Michel.