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Blog: Não dá pra resistir ao rock infantil do diabo

E aí, você já conheceu ou está dando um jeito de conhecer Os Pedrero? Como não? Uma baita chamada na capa do Central da Música convocando-o a fazer isso, complementada por convincentes resenhas do Ricardo Schott sobre os discos deles, e você ainda não deu um jeito de fazer adentrar por suas orelhas o som dos caras? Então, como dizem os americanos, move your ass now, porque, pela primeira vez na história do Central da Música, teremos uma semana dedicada à uma banda. Sim, essa é a nossa “Semana Os Pedrero”. Os caras são fudidos, não tem grana pra nos pagar jabá, mas como conseguiram nos converter em fãs, resolvemos que vamos ajudar a fazê-los famosos, pelo bem do rock n roll brasileiro!!!

Os animais agitam mesmo!

Se você está desorientado, eu explico: Os Pedrero é uma banda da cidade de Vila Velha (também conhecida no meio hardcore como “Toscolândia”), ES, criada “for fun” por integrantes do Mukeka di Rato (conhecidíssima banda de hardcore tosco) mais o vocalista de uma banda punk chamada Teen Lovers (que eu nem sei se existe ainda). Eles já lançaram dois discos (o mais novo saiu neste mês), ambos por um selo independente, a Laja Records, conhecida por seu “podrão de qualidade”. Começou como e ainda é uma banda paralela, que faz poucos shows (a infinita maioria aqui no ES), mas pelo andar da carruagem e número de fãs que vêm conquistando, vai se tornar banda principal logo logo. O baixista/gritador Mozine, o “amorzinho”, já disse por aí que, se rolar grana pra cerveja, eles assinam com gravadora grande e se tornam rockstars. Pode acreditar: eles tem potencial de sobra para isso.

Jhonny Larva and Mr Rotten Wine in
the fucking very good back stage!!!

Não sei como explicar, mas o fato é que, se você curte rock n roll irreverente, não consegue resistir aos Pedrero. Quem preenche esse perfil e ouve, fica fã. As letras dos caras, principalmente sobre mulheres e cerveja, são, ao mesmo tempo, meio Ramones, meio Mamonas Assassinas, meio imbecis, meio infantis, meio bregas, muito engraçadas e… geniais! Não é a coisa mais original do mundo, mas é bom porque você consegue sentir que os caras fazem isso com naturalidade, ao contrário de 99% das bandas “engraçadinhas” que aparecem por aí. Enfim, os Pedrero são o que há. Como bem disse o Ricardo na resenha dele: você tem que conhecer essa banda!

Como não tenho muitas outras palavras pra explicar o que é Os Pedrero, deixo o próprio Mozine fazer isso. A entrevista abaixo saiu num jornal daqui, A Gazeta, e foi feita pela impagável Thaiz Sabbagh:

Mozine

Como vocês definem o som de Os Pedreros?
O nosso disco anterior, o “Hard Rock Dreams”, era mais bubble gun. Já o “Estilo Selvagem Rock n Roll” abusa mais dos ruídos. Contudo, é basicamente rock and roll, puro e simples. O engraçado é que a gente está agradando até o vizinho, o amiguinho do primo, a criançada se amarra… Digo que é música infantil do diabo.

Você acha que as bandas de rock de hoje, quando não são muito pretensiosas, são engraçadinhas de churrasco?
Rock tem que ser sincero. Para mim, o engraçado não pode cair no preconceituoso, ser sexista, racista ou discriminar qualquer outra coisa. Ser divertido não significa ser imbecil. Os Pedreros riem de situações pessoais, do cotidiano. Nem tudo é política 24 horas, temos consciência dos problemas sociais (sic – mesmo com a exaltação etílica?!), mas também gostamos de nos divertir. A nossa música ri de nós mesmos e das complicações do mundo.

Dá para dizer que vocês fazem música tipo Hermes e Renato ou tipo Joselito Sem Noção?
Tem um monte de gente que diz isso. Mas a gente já fala besteira há cinco anos e o programa “Hermes e Renato” está há dois anos no ar, na MTV. Nossas inspirações estão na rádios bregas que minha mãe ouve. Cara, é brutal. Nas capas dos discos de samba do meu pai, com aquelas mulatas com biquíni de coador de café. Nas letras tem um pouco da veia brega de Wander Wildner, Reginaldo Rossi e até Falcão.

Onde vocês compõem essas pérolas de letras? Na mesa do boteco?
A cachaça sempre está presente. Ela é musa inspiradora. Mas, como lhe disse, muitas letras surgem de situações da vida. Quase todas são baseadas em histórias verídicas. Como é o caso de um amigo que foi para o carnaval em Guriri, tomou todas e ficou com uma menina de nome estranho. Daí surgiu a faixa “Jhenny Paula”.

E de onde surgiu a idéia de gravar músicas do Dominó e Polegar, na faixa “Menudo Capixaba”?
É porque a gente é fã do Rafael, do Polegar. O cara é muito rock and roll, porque pop star que é pop star tem que dar vexame. Ele foi ao Gugu tentar se redimir, pagou o maior mico e voltou para o crime. Sem falar que ele engoliu uma pilha, um isqueiro e roubou um vale transporte. Ele é nosso ídolo. Vamos homenageá-lo no show de lançamento do nosso CD.

Agora, vamos falar sério, politicamente… (risos). Vocês são da bancada da descomplicação e “escrotização” do rock and roll?
Rock and roll são três notas: tatuagem de caveira, grito e cachaça. Sem firula e ponto final.

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