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A maneira Aphex Twin de remixar

O senhor Richard D. James está lançando um CD duplo que contém muitos dos remixes que realizou durante seus anos de atividade musical. Mas, ao contrário da idéia que se tem de remix, aqui temos mais um exemplo de descontruções do que “remisturas”. Afinal, estamos falando de Aphex Twin, e não de DJ Bobo.


Em alguns casos, ele nem se deu ao luxo de ouvir a canção original, como é o caso de The Beauty of Being Numb Section B, do Nine Inch Nails. Palavras do próprio: “Nunca ouvi, e também não quero”.


O álbum reúne gente conhecida no meio pop, como Curve, Meat Beat Manifesto e David Bowie (aqui James preferiu fazer um remix de um remix, no caso “Heroes” de Phillip Glass), até produtores e projetos não tão ligados ao mercado, como Seefeel, Nobukazu Takemura e Wagon Christ.


De qualquer modo, dentre essa variedade de produtores e produtos aqui reapresentados, o disco é bem homogêneo, criativo e com a cara de seu autor, o destemido e incompreendido Richard. Parênteses: uma sugestão para quem quiser continuar a se aventurar no mundo da desconstrução musical, o disco The Action Packed Mentalist Brings You the Fucking Jams, do Kid 606, que traz, dentre outras impagáveis redestruições, o hit Creep, do intocável Radiohead.




Tosca e o limiar da noite



Tosca é o nome do projeto paralelo de Richard Dorfmeister, que faz parte da aclamada dupla Kruder & Dorfmeister, responsável pelo grande The K&D Sessions, de 1998. O trip-hop instrumental sempre foi o gênero predominante em suas produções, que incluem ótimos discos como Opera, de 1997, e Suzuki, de 1999.


Agora temos o impressionante Dehli 9, disco duplo lançado em fevereiro deste ano que conta com a colaboração de seu amigo de colégio Richard Huber. O primeiro disco é recheado de referências jazzy, seja apresentado sob roupagem house ou trip-hop, e bem menos obscuro que seus discos anteriores. Perfeito para chill in, chill out ou qualquer outro chill, já que sua atmosfera de início (ou fim) de noite nos mostra que esses são os períodos mais interessantes de um dia.


Além do mais, desta classe toda que Dorfmeister carrega ao produzir a mistura “dance-relaxando”, ele guardaria para o segundo disco a grande surpresa conceitual do álbum: o minimalismo. Na verdade ele consiste em pequenas composições de piano de Huber que foram rearranjadas por Dorfmeister em estúdio, dando aquele tom misterioso do qual estava falando que era comum aos demais trabalhos do Tosca. Apesar de um disco ser praticamente o antípoda do outro, vale a pena escutar os dois em conjunto, em random, para saborear uma experiência quase lisérgica.



O pop do amanhã



The Postal Service é uma nova dupla, formada por Jimmy Tamborello e Ben Gibbard, do Death Cab For Cutie, que lançou seu álbum de estréia também em fevereiro deste ano, chamado Give Up. Não sei dizer se é um IDM pop ou um synth pop atualizado, mas o que dá para afirmar é que Postal Service parece ser o novo New Order.


São melodias pop, oitentistas, suaves, mas com armadura sofisticada, ao contrário do recente movimento saudosista que visa ressaltar o simplismo tecnológico da época. Existe um cheiro de IDM no ar, como ao ouvir Vespertine, da Björk, em que se reconhece de imediato a instrumentação de Matmos. O fato é que Give Up consiste em um grande disco, moderno e cativante – pelo menos me convenceu.


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