Napster, iMesh e outras masturbações
Eu faço, você faz. Alanis, dizem, é viciada. E até Michael Jackson já deve ter feito. Fala sério, todo mundo já fez um “donwloadzinho” de música aqui, outro ali. Aquele remix raríssimo, uma versão umplugged, aquela cover bala, uma banda nova que você quer conhecer. Tirando a questão legal, esses programas de compartilhamento de arquivos musicais em MP3 são bons demais. Até porque, ao contrário do que acontece quando você compra um CD, se você não gostou você apaga, deleta, joga fora. Quantos suados reais você não gastou naquele CD e depois ficou lá olhando pra cara dele e achando uma, uma, uma…
Como se não bastasse, CD ta caro, né? Pra nós aqui no Brasa então, nem se fala. Daí que essas pequenas maravilhas internéticas (sem trocadilho) impedem que você cometa insanidades, do tipo pagar 40 doletas naquele CD daquela banda de rap francesa, só porque você gostou de uma música que você viu no canal MCM. Você copia só aquela e o resto vai pro saco.
Mas, mesmo com tudo em cima e todos a favor (falaê Lars!), eu não estendo o porquê de tanta grita por parte da industria da música. A tal RIAA já gastou uma fortuna tentando enterrar o Napster. E o bichinho ta lá. Meio capengão, é verdade, mas continua no ar.Tem até um macete novo. Não digite corretamente o nome do artista. Inclua mais um “r” ou “s” e os resultados da sua pesquisa vão dobrar.
Tá vendo, não tem jeito, o esforço das multis é em vão. A BMG (do grupo alemão Bertelsmann) foi mais esperta (será?) e comprou um naco do Napster. Se deu bem? Nada, sifu do mesmo jeito. O que acontece é o seguinte. Não é Napster, iMesh nem nada disso. Disseminou-se um conceito. Podem detonar o Napster. Podem explodir o iMesh…vai aparecer um outro, depois outro, e outros mais…..é igual buraco de guruça, manja?
Então é o seguinte. O que será que realmente está por trás da polêmica? O que será que querem nossas amigas, as majors? Os números mostram que apesar do Napster e outros, as vendas no mercado norte-americano continuam em alta. E sabe o que eles perdem com o esquema? Merreca!!! Tudo o que eles querem é se apropriar da coisa. E vão conseguir. Já falam num tal de Duet, que seria, na concepção deles, uma forma legal de distribuição de música digital. Legal pra eles, ruim pra nós.
Apoiados nas pesquisas, a industria (cultural!?) da música aposta alto em algo difícil de vislumbrar. Uma modificação rápida e radical nos hábitos de consumo das pessoas. E substituição do tato como nosso sentido principal. Já disseram: brasileiro vê com a mão. E não é só brasileiro. Chineses, japas, jamaicanos, cubanos, todo mundo precisa de pegar no negócio (calma, tô falando do CD) pra ver melhor. E isso não vai mudar. Pra nós então, que vivemos no mundo da música e com ela o tempo todo na cabeça, não cola. A gente tem aquela necessidade de olhar o encarte, ver quem foi engenheiro de som, quem tocou o que, quem produziu e até de ler os agradecimentos. E as fotos? Ah, tem que ver as fotos, sentir o clima do estúdio, dar uma olhadinha nos instrumentos, etc, etc.
Fica assim então: Mp3, música digital, ou qualquer outro nome que você queira dar, se você pensar bem vai ver que isso é como uma masturbação. Na necessidade a gente apela, é igual gozar fora, não tem graça nenhuma. Pegar aquele CD novinho que você acabou de comprar, e depois daquela batalha pra abrir o danado, botar a bolachiha no aparelho e se deliciar. Isso é o bom.
Pero, quando não dá, não dá. E enquanto o Napster tá no ar (e é de graça), dá um pulinho lá agora, digite Orichas e baixe Allo Cubano, pra ver o que os manitos da ilha de Fidel andam aprontando.
Alexandre Mignoni, 3.9 anos, é representante da Sony Music no ES e radialista há mais de 15 anos.