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Artigo: Gosto é pessoal. E não se discute

Notas, critérios de avaliação, comparações, julgamentos. Obras-primas. Trabalhos descartáveis. Uma idéia transformada em genialidade. Outras em puro lixo, criadas somente para consumo. A crítica especializada (de qualquer tipo de arte) é incisiva e “confiável”. Afinal, seus autores têm bagagem cultural, liberdade de escolher o que é bom e o que é ruim. Mas será que devemos escutá-los?


Nunca entendi exatamente como se dá esse processo. A maioria dos críticos não são artistas. Não são músicos, escritores, cineastas, pintores, atores, etc. Possuem grande conhecimento acerca do que julgam, seja música, cinema ou literatura. Ou seja, têm grande gosto por investigar a arte que mais lhes agrade. Isso é um ponto positivo.


Mas o que acontece é que, como alguém que nunca subiu em um palco, nem filmou uma cena, nem escreveu um capítulo pode ser capaz de enobrecer ou acabar com o trabalho de algum profissional?


Soa estranho, por exemplo, um torcedor que nunca praticou futebol, criticar um jogador de seu time em determinada partida. Mas é compreensível. A paixão toma conta e a parcialidade aparece. Não existe imparcialidade. Todos têm suas preferências. E elas exercem influência sobre qualquer análise que possa ser feita em relação a qualquer atividade.


Enquanto essas opiniões são dadas em uma conversa entre amigos tudo bem. Cada um expressa a sua e fim de papo. Mas jornalistas, intelectualóides, críticos em geral, têm um poder muito forte nas mãos. Muitas pessoas ainda são extremamente influenciadas por suas idéias. E acabam tomando os gostos pessoais destes profissionais de critica para si mesmos. E nem se dão conta disto.


Muitos ainda têm vergonha de assumir que gostam de determinadas bandas simplesmente porque são tachadas disto ou daquilo. E existem muito mais coisas interessantes que são destruídas do que as que são apontadas como novas promessas. Isso é uma questão numérica. Quantos grupos você já viu sendo elogiados e quantos sendo massacrados? O segundo grupo está disparado na frente.


Existe um motivo para isso. Os críticos profissionais, além de seus gostos, tentam se basear em história. Em passado. Exercem um trabalho comparativo. E sempre procuram achar um novo produto, ainda obscuro, para que seis meses depois possam dizer “eu já havia comentado sobre eles há muito tempo”. O que eles querem é crédito. A “descoberta” de algo “novo” pode garantir seus empregos para o resto da vida.


Mas gosto é uma questão pessoal. Indiscutível. Portanto, devemos tentar nos despir de preconceitos. Não devemos ser tão influenciados por opiniões alheias. Devemos sim, escolher aquilo que nos diga algo. Pois isso sim é que será genial. Nem que seja só para nós.


Porque os Beatles são geniais? Porque os versos que Renato Russo escreveu são tão magníficos? Porque o Nirvana é considerado porta-voz de uma geração? Porque eles atingiram o público de uma maneira tão peculiar?


Eles eram honestos. Isso faz com que nos identifiquemos com eles. Eles cantaram versos que diziam sobre sentimentos que sempre vamos ter. E isso, apesar da quantidade de pessoas atingidas, isso é algo muito pessoal. Todos já fizemos alguma coisa que é simplesmente maravilhosa para nós e que para outros não significa absolutamente nada. Vai entender. São sentimentos, gostos, opiniões. A maravilha para você pode ser a pior coisa que um critico já escutou em toda sua vida. Mas ainda bem que é assim. Já imaginou que chato seria se o mundo inteiro tivesse a mesma opinião sobre tudo?


Respeite os outros, procure escutar o que eles têm a dizer, mostre seu ponto de vista. Faça o que quiser. Mas não se nivele pelo que te dizem. Hoje em dia, sua opinião é uma das únicas coisas que realmente é só sua. Não deixe que a tirem de você, nem que a manipulem. Basta só ficar atento.

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