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Google passando a faca e começando a agir como uma empresa de verdade

google_moneyHá muito tempo as pessoas vem se perguntando quando o Google deixaria de ser uma empresa  totalmente “cool” que mantém escritórios cheios de regalias para funcionários, não faz demissões em massa, lança  a torto e a direito produtos legais porém não-lucrativos, e não explora todas as possibilidades de monetizar sua audiência em serviços populares. Parece que podemos dar por encerrados esses questionamentos. Parodiando o lema de Barack Obama, change has come to Google.

Muito embora, mesmo com todas essas ineficiências, o Google seja uma empresa muito lucrativa e tenha bilhões de dólares em caixa, a crise financeira internacional desencadeada em setembro engatilhou algumas mudanças fundamentais na postura da companhia mais admirada da internet. Ainda não dá para dizer se o Google está apenas sendo conservador como todo mundo no momento, ou se houve uma queda de receitas que fez o alarme soar em Montain View, ou ainda se apenas usaram a crise como desculpa para dar essa guinada há muito tempo pedida por seus investidores  e ao mesmo tempo tentar não decepcionar seus admiradores. Mas não dá para negar que alterações importantes estão em andamento por lá, e elas vem sendo anunciadas aos poucos ao longo das últimas semanas, em duas frentes:

  • Aumento de receitas: desde o início de outubro, o Google lançou várias iniciativas relevantes para gerar mais receita. As mais importantes foram no Youtube, que passou a exibir mais publicidade na home-page, foi incluído no adsense para exibir publicidade em vídeos inseridos em sites de terceiros, e começou a vender anúncios nas páginas de resultados de buscas (segundo o Google, o YouTube é o segundo search engine mais usado do mundo); Além disso, lançou o adsense para exibir anúncios no iphone e no Android, anunciou ontem que está aceitando revendedores para a sua suíte Google Apps, e criou até mesmo o “Adsense for domains” para ser usado pelos quase sempre mal-intencionados donos de domínios sem-conteúdo.
  • Corte de despesas: Começou timidamente com a descontinuação do seu mundo-virtual Lively, em novembro, quando o Google disse claramente que passaria a direcionar seus recursos e focos para os principais produtos, ou seja busca, anúncios e business apps.  E continuou ontem, quando foi anunciado de uma só vez, em diferentes blogs, o fim do Google Catalog Search, do DodgeBall, do Google Notebook e de novos uploads para o Google Video, além de informar que o Jaiku (similar ao Twitter) será portado para o AppEngine e se tornará open-source, deixando seu desenvolvido para a comunidade. Mas não foi só isso. Cabeças também rolaram: vão fechar os escritórios em Austin (na Austrália, com 20 funcionários), em Trondheim, na Noruega, e Lulea, na Suécia (70 funcionários ao todo), para “construir equipes maiores e mais efetivas, reduzir comunicação elevada, e dar aos engenheiros novas opções para projetos futuros” (traduzindo: para gastar menos dinheiro).

A depender dos resultados do quarto trimestre fiscal, e também de como a crise financeira evoluir nos próximos meses, pode-se esperar mais ações como essas do Big G visando aumentar suas receitas e matando sem piedade outros serviços praticamente filantrópicos que a empresa mantém. Ainda existem muitas frentes onde a empresa pode atacar, e se o Google realmente levar a sério o objetivo de se tornar uma empresa mais eficiente, como todas as empresas de verdade tentam ser, um velho medo dos usuários pode se tornar realidade: a privacidade pode ficar de lado.

O Google sabe o que todos nós buscamos, assistimos e escrevemos (via e-mail) na web. Até agora a empresa garante que protege a privacidade dos usuários (apesar de isso nem sempre ser verdade – os chineses que s digam), e embora os anúncios contextuais do adwords já sejam uma forma de direcionamento de publicidade que se vale de preferências pessoais, ainda é possível “melhorar” muito esse direcionamento com o uso de todas as informações que o Google sabe sobre nós. É inevitável que isso vá acontecer em algum momento futuro, e é possível que a crise mundial faça esse futuro chegar antes. Logo logo, meus amigos, pode chegar a hora de dizermos Oi ao admirável mundo novo.

  • André Campos

    Vários serviços estão também sendo atualizados, para se adequar a nova politica de “lucre o máximo possível”.

    Exemplo é o APPs, que em sua versão gratuita, recebeu um limite no número de usuários de e-mail, 50 usuários.

    Isso pode ser um mau para eles, exemplo de como andam as ações deles neste momento, com queda de 4,2%, e caindo vagarosamente. As ações já chegaram nesse início de pregão aos 287 dólares (quem lembra quando valia seus 600 à 700 dólares?).

  • http://www.sanainside.com Diego Sana

    Na verdade as ações do google estão em queda desde o ano passado porque o mercado todo está, e como foi um dos papéis que mais se valorizou nos últimos anos, é ainda mais natural que vendam as $GOOG para cobrir prejuízos em outros papéis/fundos. No médio prazo, uma política mais eficiente no Google tende a ter efeito benéfico sobre o preço das ações, afinal de conta isso é tudo que os investidores sempre pediram, e o preço atual é inclusive considerado por muitos analistas como uma pechincha :)

  • Ricardo Borg

    Vale destacar junto ao post a MUDANÇA COMPLETA DA POLITICA DO GOOGLE em relação ao ADSENSE. ( obs: O ADSENSE responde por 97% do faturamento do Google. )

    A partir de OUT/NOV de 2008 o valor pago ( que é definido pelo próprio Google ) pela postagem de anúncios nos sites dos participantes simplesmente DESPENCOU.

    Para anunciar continua no mesmo padrão de preço, mas para publicar ( ceder espaço de publicidade para o Google em seu site ) o valor caiu abruptamente.

    Sou gerenciador de um site que passou de 25 dolares dia de faturamento com o Google, para 3 dolares dia. E os anúncios publicados nesse site são os mesmos ( mesmas empresa, mesmos produtos e mesmo padrão ).

    Será que o Google não aproveitou o argumento da crise para MULTIPLICAR seu faturamento ? A formula é simples… pagar 10 vezes menos para os fornecedores ( nós ) …

    Isso sim seria a prova cabal da mudança de atitude do Google… Bom .. para quem trabalha com web já existe uma desconfiança a muito tempo em relação a essa empresa.

    Na minha humilde opnião estamos vendendo nossas almas em troca de facilidades ( gmai, googlemaps, android, orkut e etc´s), só não se sabe ainda o PREÇO que será pago com a manutenção dessa MEGA LUCRATIVA MONOPOLISTA S.A.

    Todo mundo adora odiar a Microsoft, MAS se preparem que o Google vem ai !!!

  • http://www.sanainside.com Diego Sana

    Fala Borg, bem vindo :) O Adsense sempre foi uma caixa-preta, e sempre houve gente relatando receitas despencando. Se a queda que vc teve foi relatada por muito mais gente, realmente aí fica preocupante :( De qualquer forma eu acho que a tendência é só piorar, no começo o adsense para os pequenos editores foi um grande negócio pois as pessoas clicavam mais (ainda não associavam os anúncios em texto com publicidade), e tinha menos sites exibindo os anúncios. Hoje provavelmente o Google mal deve conseguir vender todo o inventário de pageviews de seus sites, e é cada vez maior o número de sites que se associam ao Adsense. Daí a lei de mercado impera, é tanto site pequeno querendo exibir os anúncios que o Google pode se dar ao luxo de distribuir migalhas se for preciso. Abs.

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