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O futuro continua chegando atrasado ao Brasil

futuroNa semana passada eu li uma notícia na Folha Online informando que as operadoras de telefonia no Brasil pretendem investir cerca de R$ 20 bilhões no ano que vem para melhorias nas redes atuais e principalmente para expandir a cobertura dos serviços 3G. É sem dúvidas uma bela quantia de grana e serão investimentos muito bem vindos (principalmente por acontecerem nesses tempos de incertezas econômicas).

Porém, o assunto engatilhou em mim algumas ponderações mentais questionando sobre quão atrasados estamos relação ao resto do mundo em termos de redes 3G.Sim, eu admito que as minhas ponderações também estão atrasadas, pois este assunto é velho e já gerou inúmeras discussões ao longo dos últimos anos. De qualquer forma, fui checar para matar a minha curiosidade e constatei que o 3G já é adotado lá fora, notadamente na Europa e EUA desde 2003 (isso sem considerar o Japão, que é hours concours nesse assunto, já que por lá eles estão na marca do pênalti para lançar as redes 4G). Levando-se em conta que o 3G foi lançado aqui no final de 2007 (quando mais de 200 milhões de pessoas já usavam no resto do mundo), são eternos quatro anos de atraso.

Embora o Brasil pareça estar entrando nos trilhos do crescimento e desenvolvimento econômico ao longo desta década, as redes 3G são apenas mais um triste exemplo de que o futuro tecnológico continua chegando atrasado por aqui (e o pior, custando os olhos da cara quando chega). Isso é especialmente sofrível para aficcionados por tecnologia como eu (e provavelmente você que lê este texto), que apesar de hoje termos mais facilidades que os nossos pares no passado para ter acesso a essas novidades (God Bless Ebay), continuamos pagando caro por elas ou simplesmente nos frustando em casos de tecnologias como o 3G, que não estão a venda na internet.

Mas esse atraso tecnológico é ainda pior para o país como um todo. A falta de uma cultura de excelência tecnológica, de se manter a par com as novidades surgidas no mundo, e o fato de ainda termos a maior parte da população sem acesso à internet origina modelos de negócio ineficientes, rios de dinheiro desperdiçados e relega nosso papel no mundo ao de simples produtores e vendedores de commodities. E isso não é bom.

Todos sabem que a adoção de tecnologias, e principalmente da internet, está mudando os negócios e a vida das pessoas. Não acompanhar ou estar atrasado em relação a essas mudanças é jogar fora dinheiro que com uso mais eficiente poderia ser canalizado para muitas outras áreas necessitadas. O Fred Wilson fez um post interessante sobre como essas mudanças impactaram negócios nos EUA nos últimos anos e mostrando porque “bits de informação fluindo por fios e pelo ar são mais eficientes que infra-estrutura física”. Diversos modelos ineficientes de negócio que perduram por aqui, já desapareceram por lá. Um exemplo: enquanto para comprar um carro, o máximo que um tupiniquim consegue fazer pela internet é imprimir a especificação do modelo que quer e levar a papelada numa concessionária local para ela fechar o negócio e cuidar da entrega, lá fora, desde 1998, pode-se pedir o carro e fechar todo o negócio pela internet e só esperar ele ser entregue em casa.

Sempre que surge alguma tecnologia ou gadget de encher os olhos, ou que tento fazer alguma coisa essencial pela internet e não consigo, eu fico puto com o nosso atraso e com a falta de percepção do nosso governo e dos empresários para isso, e me lembro daquela música do Plebe Rude: Até quando esperar? Sou um otimista, acredito no Brasil e num futuro melhor para nosso país. Mas para chegarmos lá, precisamos conseguir nos alinharmos com o resto do mundo. E espero (além de estar fazendo minha parte) que isso aconteça logo. Afinal, a canção do Plebe Rude já é uma senhorita de 23 anos. Logo logo, vou enjoar.

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  • Sam Vignoli

    É, companheiro, a coisa é realmente feia. Mas o buraco do 3G é mais embaixo. As operadoras estão vendendo 3G de 1mbps, o que é ridículo. Nosso acesso wired já é tosco, não dá pra esperar muita coisa de celular.
    Não culpo os empresários pois o consumidor brasileiro não tem capital para bancar os impostos e a tecnologia estrangeira que tudo isso envolve, daí é osso investir. A concorrência nas teles existe e, caso o mercado consumidor suportasse, com certeza a tecnologia estaria mais à frente, como está em muitas frentes.

    Uma outra música para encerrar comentário.
    http://letras.terra.com.br/raul-seixas/48296/

    Abraço!

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